Floresta que cresce e aparece
A ampliação do parque industrial de papel e celulose no Paraná, no ano passado, alçou o Estado a maior produtor nacional de madeira em tora
No agronegócio o Paraná não é apenas o Estado dos grãos. Longe disso. Aqui, a produção de florestas também tem uma representatividade importante e – mesmo que tenha sofrido o impacto de preços mais baixos nos últimos anos – continua evoluindo e atraindo produtores rurais para o negócio. Seja pinus ou eucalipto, o Estado concentra 11,4% da base florestal do Brasil e possui um dos parques industriais mais diversificados do segmento, o que gera renda de diferentes formas.
No último ano, o que impulsionou os números paranaenses foi a produção de madeira em tora destinada à indústria de papel e celulose. O Estado foi o maior produtor do setor, com 15,9 milhões de m³, um aumento de 43,9% em relação a 2015. No Brasil, o crescimento foi de 10,8%, atingindo a marca de 85,2 milhões de m³, um valor total de R$ 5,2 bilhões. Os números são da pesquisa de Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (Pevs), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O analista do IBGE, Winicius Wagner, explica um aspecto que teve grande relevância para essa movimentação: “A ampliação do parque industrial de papel e celulose no Paraná, no ano passado, alçou o Estado a maior produtor nacional. Esse posto era ocupado por São Paulo, que agora está na segunda posição, com produção de 14,7 milhões m³, uma queda de 5,4%”, ressaltou.
Wagner está falando da nova unidade da Klabin inaugurada ano passado, em Ortigueira, voltada especificamente para esse nicho, mas o Estado atua na atividade de forma bem diversificada, em todos os elos da cadeia: além do papel e celulose, energia, móveis, portas, painéis, madeira serrada, embalagens e artefatos são outros destinos. Uma importante pluralidade. “Somos líderes nacionais na produção de madeira, com uma cadeia produtiva fechada de ponta a ponta, desde o desenvolvimento de tecnologia, rede de insumos bem montada e diversos setores industriais que consomem madeira estão aqui no Estado. Esse é um diferencial grande que temos”, explica o coordenador estadual de produção florestal da Emater, Amauri Ferreira Pinto.
Ele cita também quais são os desafios do setor daqui em diante. O primeiro deles é a qualidade do produto, principalmente quando se trata de madeira grossa, que permanece mais anos na lavoura. “Na realidade, o produtor ganha dinheiro com tora grossa, e não madeira fina para energia, papel e celulose ou MDF. Se ele quer madeira grossa lá na frente, vai ter de se atentar para a qualidade e isso temos muito o que evoluir nesse sentido”.
Outro ponto citado por Pinto é que as entidades fiquem atentas para que a floresta não faça competição com grãos, pecuária ou pastagem. Ou seja, a ideia não é focar em maciços florestais, mas sim em sistemas integrados de produção, a exemplo do que geralmente fazem os produtores que a Emater atende. “Temos que mudar um pouco o jeitão da implantação (das florestas), fugir dos maciços e apostar mais no sistema integrado, como o lavoura/pecuária/ floresta. A proposta da Emater sempre foi ter a floresta nunca competindo com grãos, carne ou leite, mas sim com uma atuação complementar ao produtor”.
Somos líderes nacionais na produção de madeira, com uma cadeia produtiva fechada de ponta a ponta”