REALIDADE -
Cerca de 16 mil famílias de Londrina têm renda per capita de até R$ 85 por mês
A dona de casa Ilda Elena dos Santos faz parte de uma das cerca de 17 mil famílias de Londrina beneficiadas pelo programa Bolsa Família em setembro. Uma população que vive em situação de extrema pobreza, com renda per capita de até R$ 85 por mês.
Osorriso contagiante da dona de casa Ilda Elena dos Santos esconde as dificuldades enfrentadas depois dos 60 anos. No susto, descobriu um nódulo no seio e passou por um procedimento para a retirada da mama. “Trabalhei até um dia antes da cirurgia, depois tive que parar. Ser diarista era tudo, tudo na minha vida”, diz com os olhos marejados. Desde 2013, Santos se reveza entre idas e vindas ao hospital, reuniões com a equipe do Cras (Centro de Referência de Assistência Social) e os cuidados com as plantas em casa.
Ela faz parte de uma das 17 mil famílias de Londrina beneficiadas por meio do programa Bolsa Família no mês de setembro. Há dois anos, os R$ 170 mensais ajudam nas compras do mês. O marido, que antes trabalhava em uma empresa de funilaria e pintura, teve os sintomas de diabetes agravados e também interrompeu a rotina de serviços. Hoje o casal vive com, aproximadamente, R$ 600 mensais, considerando também a ajuda esporádica de parentes e benefícios de outros programas sociais. “Já deixei cinco talões de água em atraso... Faltou comida... Dói, mas é verdade”, lamenta.
Em Londrina, 41.733 famílias estavam inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais, do governo fe- deral, até setembro. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Social, a maioria (16.608) possui renda per capita de até R$ 85. Este é um dos critérios para a concessão do Bolsa Família, uma das principais fontes de recursos para as consideradas em situação de extrema pobreza. A renda per capita familiar é calculada pela soma dos salários de pelo Bolsa Família. O repasse total foi de R$ 54 milhões, sendo R$ 3,2 milhões distribuídos em Londrina. O programa condiciona o recebimento do benefício à comprovação da frequência escolar dos filhos e da vacinação das crianças de até sete anos, além do acompanhamento da saúde das mulheres consideradas em idade fértil, de 14 a 44 anos. No Brasil, 13 milhões recebem o Bolsa Família, num total de R$ 2,4 bilhões mensais.
Comissões intersetoriais formadas por representantes da saúde, educação e assistência social nos Estados e municípios acompanham grande parte das famílias de baixa renda. A gerente do Cadastro Único e do programa Bolsa Família em Londrina, Cláudia Renata Fávaro, destaca que o benefício é apenas uma complementação da renda. “Não é um programa em que a família consegue sobreviver apenas com ele. A questão da renda é importante. Temos que aprimorar cada vez mais o Bolsa Família para que essas pessoas tenham acesso a outros serviços como educação e saúde”, destaca. Ações complementares e outras propostas estão sendo elaboradas pela Secretaria de Assistência Social de Londrina.
Nas conversas com outras famílias atendidas pelo Cras, a dona de casa entrevistada no início da reportagem conhece outras realidades, troca experiências e renova o apoio para superar as dificuldades. Ela sonha em voltar a trabalhar e espera recuperar totalmente o movimento do braço direito após o câncer no seio. “Olha… Seria muito bom voltar… Queria muito voltar a passar roupa. Eu passava de segunda, quinta e sexta. Os patrões adoravam! Hoje minhas vizinhas é que me ajudam... Não tenho do que reclamar.”
todos os integrantes da família e dividida pelo número total de moradores da mesma residência.
Em todo o Paraná, há 1.136.425 famílias inscritas no Cadastro Único, sendo 247.920 com renda per capita de até R$ 85. Em setembro, 354.814 foram beneficiadas
Não é um programa em que a família consegue sobreviver apenas com ele”