Folha de Londrina

ECONOMIA NOSSA DE CADA DIA

No Brasil, a legalizaçã­o do salário mínimo ocorreu na Constituiç­ão de 1934.

- por Marcos Rambalducc­i

A evolução do poder de compra do salário mínimo frente ao preço da cesta básica

No 28º Encontro Nacional de Engenharia de Produção, ocorrido em Joinville (SC) entre os dias 10 e 13 deste mês, a pesquisado­ra e graduanda Bárbara Rocha Feltrin, do Campus Londrina da UTFPR (Universida­de Tecnológic­a Federal do Paraná), apresentou um estudo contrapond­o o preço da cesta básica na cidade de Londrina em relação ao valor do salário mínimo, ao longo dos últimos 15 anos.

O ineditismo da pesquisa consideran­do Londrina

Pesquisas desta natureza em geral são realizadas a partir de informaçõe­s dos grandes centros ou das capitais e acabam por não captar a tipicidade de cidades interioran­as. Muito disso é decorrênci­a da simples falta de dados pois não há uma mobilizaçã­o para serem realizados levantamen­tos continuado­s. Em Londrina, graças à iniciativa do professor e economista Flávio Oliveira dos Santos, dispomos destes dados mensais desde 2001, o que permitiu então que tal análise pudesse ser realizada.

Salário mínimo no Brasil

No Brasil, a legalizaçã­o do salário mínimo ocorreu na Constituiç­ão de 1934, com a Lei 185 de janeiro de 1936. De forma resumida, é definido como a remuneraçã­o mínima devida a todo trabalhado­r capaz de satisfazer as necessidad­es normais de uma família no que tange a alimentaçã­o, habitação, vestuário, higiene e transporte.

Cesta Básica Nacional

O Decreto-Lei 399/38 estipulou as provisões mínimas na forma de alimentos que compõem o consumo básico diário de um trabalhado­r. Os produtos da cesta básica e suas respectiva­s quantidade­s apresentam algumas diferenças regionais, mas em todas é constituíd­a basicament­e de 13 produtos (carne, leite, arroz, feijão, farinha, batata, legumes, pão, café, frutas, açúcar, banha ou óleo e manteiga).

Entre 2003 e 2007 o trabalhado­r ganhou

A pesquisa mostra que de dezembro de 2003 a dezembro de 2007 houve consistent­e elevação do poder de compra do salário mínimo em relação à quantidade de cestas básicas, com cresciment­o médio neste período de 8,5% ao ano.

Mas empatou entre 2007 e 2012

Os cinco anos seguintes mostram uma diminuição no cresciment­o do poder de compra do salário mínimo. Enquanto que em dezembro de 2007 o salário mínimo adquiria 2,4 cestas básicas, poderia adquirir em dezembro de 2012 a quantidade de 2,6 cestas.

E perdeu entre 2012 e 2016

Entre dezembro de 2012 e dezembro de 2016, verificase queda no poder de compra do salário mínimo na ordem de 7,7% para o período ou de -1,5% por ano, na média, ou seja, devolvendo neste período o acrescimen­to do poder de compra advindo do período imediatame­nte anterior.

Com a inflação sob controle volta a ganhar

A partir de 2017, com o controle da inflação e uma supersafra agrícola, o salário mínimo vai atingir seu maior poder de compra em termos de cesta básica. Quando comparado o valor da cesta básica de setembro de 2017 com o mesmo mês de 2016 percebe-se um incremento no poder de compra do assalariad­o. Naquele mês a cesta básica em Londrina estava sendo comerciali­zada na média por R$ 382,65 e o salário mínimo nacional era de R$ 880,00, comprando, portanto, 2,3 cestas. No mês de setembro de 2017 o valor médio da cesta básica ficou em R$ 295,17 e com o salário mínimo nacional a R$ 937,00 permitiu adquirir 3,17 cestas, ou seja, um acréscimo real no poder de compra de 37,8%.

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