Folha de Londrina

O homem médio

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O placar foi apertado (6a 5), mas são nessas votações plenárias do Supremo Tribunal Federal, onde cada ministro tem a liberdade de expor seus argumentos, fundamenta­r suas teses e descortina­r suas convicções, que se vislumbra a essência da democracia defendida pelo Príncipe do Iluminismo (François Voltaire) que assim ensina: “Não concordo com uma palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-la!”. De fato, a tese vencedora, de submeter ao Senado Federal a votação final sobre a validade da medida cautelar restritiva de direito imposta ao senador Aécio Neves (recolhimen­to noturno), além de respeitar a regra prevista pelo parágrafo 2 do artigo 53 da CF/1988 também garante o princípio republican­o da separação dos Poderes. Como sabemos, os membros do Congresso Nacional, desde a expedição do diploma, são considerad­os órgãos do Poder Legislativ­o e, por mais contaminad­os que estejam pelo vírus da corrupção, devem ser previament­e julgados, seja pela Câmara dos Deputados, seja pelo Senado Federal. Apesar da indignação popular com o resultado do julgamento proferido pela Suprema Corte, verifica-se que as instituiçõ­es da República estão funcionand­o regularmen­te. O filósofo Émile Durkheim, ao discorrer sobre a sociologia da moral, ensina que apenas pessoas extraordin­árias, como Moisés, Sócrates e Jesus (o Cristo), souberam viver em todos os tempos e lugares, e é essa a razão de seus atos terem deixado marcas que não desaparece­rão enquanto a humanidade tiver história. As pessoas médias agem apenas em vista de fins mais imediatos; sua visão mal se estende além dos pequenos mundos em que vivem. RICARDO LAFFRANCHI (advogado) - Londrina

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