Ensinando empresas a prosperar
A crise econômica tem sido um bom negócio para gestores e consultores financeiros. Cobiçados pelas empresas, eles estão entre os profissionais mais bem pagos no País
Estourar a própria bolha e não ser profeta do passado. Dois dos grandes desafios dos gestores e consultores financeiros, profissionais em alta, cobiçados por empresas em tempos de crise. Para quem quer aproveitar a oportunidade, a hora de investir na carreira ou buscar colocação no mercado é agora. Uma ótima notícia para quem vive, literalmente, da economia.
“Aumentou a procura por esses profissionais. É um momento em que as empresas estão começando a sair da crise e querem aumentar os ganhos”, afirma o professor de Ciências Contábeis e Administração da Pontifícia Universidade Católica (PUC Campus Londrina), Guilherme Bittencourt Teixeira.
Três anos antes do banco de investimentos Lehman Brothers anunciar a falência, em 2008, o economista e professor da Universidade de Yale, Robert Shiller, previu que a economia dos Estados Unidos poderia entrar em colapso.
O passado ajuda a explicar o presente. Porém, não é só isso. Gestores e consultores financeiros, mais do que jogarem coletes salva-vidas para quem está se afogando na crise, precisam compreender os impactos do momento, criar planos de recuperação e contingência, planejar medidas preventivas e se antecipar às turbulências de mercado.
Sai do comando da gestão o profeta do passado para assumir o estrategista com visão de negócios futuros. O caso Shiller mostra bem o que significa esta capacidade de antecipação.
“Para aumentar resultados, atingir mais mercados, acredito que o gestor ou consultor financeiro precisa ser estratégico. Olhar a empresa de cima. Não digo, por exemplo, vender mais. Porém, daquela venda, conseguir mais vendas”, destaca o professor. Aí é hora de estourar a bolha para se destacar. Não só os que já estão no mercado como os que buscam uma nova alternativa profissional.
A carreira de gestor ou consultor financeiro é opção para graduados em Administração e Ciências Contábeis, mas pode ser rentável também para áreas do conhecimento como Engenharia, Matemática e Psicologia (leia mais nesta edição).
O aumento de interesse pela atividade se vê nas salas de aulas dos cursos de finanças, como aponta Teixeira, professor especializado em Controladoria e Finanças pela PUC e mestre em Contabilidade pela Universidade Federal do Paraná.
“Dez por cento dos alunos em sala de aula, na instituição que leciono, são de fora do curso de Contabilidade. Alguns vêm do Direito, mas há também quem veio da Administração e decidiu fazer nova graduação para se destacar no mercado e conseguir emprego”, afirma.
Não é só oportunidade de emprego que está atraindo esses profissionais para a gestão e consultoria financeira. Segundo pesquisa de tendências e salários do Guia Salarial Half 2017 - empresa líder mundial em recrutamento e seleção, há quase uma década no Brasil -, este ano os profissionais do mercado financeiro estariam entre os mais bem pagos do País. Salários que variam de R$ 10 mil a R$ 20 mil.
Em cidades como Londrina, a média pode variar de R$ 7 mil a R$ 14 mil, além de benefícios que incluem até carro cedido pela empresa. O agronegócio puxa a fila das empresas que melhor pagam.
Precisa ter competências humanas, saber gerenciar pessoas, se relacionar com clientes e ter habilidade de comunicação” TECNOLOGIA
A tecnologia mudou a rotina dos gestores e consultores. Daí que estourar a bolha, expressão que aterroriza o mercado financeiro, associada ao pânico, quebra da Bolsa e tantos outros temores, pode ser uma das muitas chaves do sucesso dos que sabem utilizar diferentes ferramentas em suas carreiras.
“As exigências profissionais aumentaram. Porém, muitas empresas ainda gastam tempo em questões operacionais. Por incrível que pareça ainda existe quem mantém um trabalho braçal em suas operações empresariais. Tecnologias simples, como a transmissão eletrônica de arquivos, fazem com que se ganhe tempo. E isso não significa ter mais tempo, mas atender clientes que querem respostas na palma da mão”, afirma Teixeira, acrescentando que os profissionais precisam estar preparados para trabalhar em empresas de alta base tecnológica de gestão de finanças ou que possam oferecê-las no cardápio gerencial.
Crescer na carreira de gestor e consultor é colocar as cartas na mão das empresas. É saber o momento certo para sugerir a busca de crédito ou aporte de capital. Transações de risco, que somente recomendará com segurança o profissional alicerçado por informações.
O professor da PUC acrescenta que, além de competências técnicas, como entender de finanças, administração e contabilidade, a profissão requer outras habilidades fora da bolha.
“Precisa ter competências humanas, saber gerenciar
pessoas, se relacionar com clientes e ter habilidade de comunicação. São competências gerenciais que podem levar o profissional ao nível de um diretor, conseguindo ter uma visão macro do negócio”, ressalta.