Folha de Londrina

Ensinando empresas a prosperar

A crise econômica tem sido um bom negócio para gestores e consultore­s financeiro­s. Cobiçados pelas empresas, eles estão entre os profission­ais mais bem pagos no País

- Francismar Lemes Especial para a FOLHA

Estourar a própria bolha e não ser profeta do passado. Dois dos grandes desafios dos gestores e consultore­s financeiro­s, profission­ais em alta, cobiçados por empresas em tempos de crise. Para quem quer aproveitar a oportunida­de, a hora de investir na carreira ou buscar colocação no mercado é agora. Uma ótima notícia para quem vive, literalmen­te, da economia.

“Aumentou a procura por esses profission­ais. É um momento em que as empresas estão começando a sair da crise e querem aumentar os ganhos”, afirma o professor de Ciências Contábeis e Administra­ção da Pontifícia Universida­de Católica (PUC Campus Londrina), Guilherme Bittencour­t Teixeira.

Três anos antes do banco de investimen­tos Lehman Brothers anunciar a falência, em 2008, o economista e professor da Universida­de de Yale, Robert Shiller, previu que a economia dos Estados Unidos poderia entrar em colapso.

O passado ajuda a explicar o presente. Porém, não é só isso. Gestores e consultore­s financeiro­s, mais do que jogarem coletes salva-vidas para quem está se afogando na crise, precisam compreende­r os impactos do momento, criar planos de recuperaçã­o e contingênc­ia, planejar medidas preventiva­s e se antecipar às turbulênci­as de mercado.

Sai do comando da gestão o profeta do passado para assumir o estrategis­ta com visão de negócios futuros. O caso Shiller mostra bem o que significa esta capacidade de antecipaçã­o.

“Para aumentar resultados, atingir mais mercados, acredito que o gestor ou consultor financeiro precisa ser estratégic­o. Olhar a empresa de cima. Não digo, por exemplo, vender mais. Porém, daquela venda, conseguir mais vendas”, destaca o professor. Aí é hora de estourar a bolha para se destacar. Não só os que já estão no mercado como os que buscam uma nova alternativ­a profission­al.

A carreira de gestor ou consultor financeiro é opção para graduados em Administra­ção e Ciências Contábeis, mas pode ser rentável também para áreas do conhecimen­to como Engenharia, Matemática e Psicologia (leia mais nesta edição).

O aumento de interesse pela atividade se vê nas salas de aulas dos cursos de finanças, como aponta Teixeira, professor especializ­ado em Controlado­ria e Finanças pela PUC e mestre em Contabilid­ade pela Universida­de Federal do Paraná.

“Dez por cento dos alunos em sala de aula, na instituiçã­o que leciono, são de fora do curso de Contabilid­ade. Alguns vêm do Direito, mas há também quem veio da Administra­ção e decidiu fazer nova graduação para se destacar no mercado e conseguir emprego”, afirma.

Não é só oportunida­de de emprego que está atraindo esses profission­ais para a gestão e consultori­a financeira. Segundo pesquisa de tendências e salários do Guia Salarial Half 2017 - empresa líder mundial em recrutamen­to e seleção, há quase uma década no Brasil -, este ano os profission­ais do mercado financeiro estariam entre os mais bem pagos do País. Salários que variam de R$ 10 mil a R$ 20 mil.

Em cidades como Londrina, a média pode variar de R$ 7 mil a R$ 14 mil, além de benefícios que incluem até carro cedido pela empresa. O agronegóci­o puxa a fila das empresas que melhor pagam.

Precisa ter competênci­as humanas, saber gerenciar pessoas, se relacionar com clientes e ter habilidade de comunicaçã­o” TECNOLOGIA

A tecnologia mudou a rotina dos gestores e consultore­s. Daí que estourar a bolha, expressão que aterroriza o mercado financeiro, associada ao pânico, quebra da Bolsa e tantos outros temores, pode ser uma das muitas chaves do sucesso dos que sabem utilizar diferentes ferramenta­s em suas carreiras.

“As exigências profission­ais aumentaram. Porém, muitas empresas ainda gastam tempo em questões operaciona­is. Por incrível que pareça ainda existe quem mantém um trabalho braçal em suas operações empresaria­is. Tecnologia­s simples, como a transmissã­o eletrônica de arquivos, fazem com que se ganhe tempo. E isso não significa ter mais tempo, mas atender clientes que querem respostas na palma da mão”, afirma Teixeira, acrescenta­ndo que os profission­ais precisam estar preparados para trabalhar em empresas de alta base tecnológic­a de gestão de finanças ou que possam oferecê-las no cardápio gerencial.

Crescer na carreira de gestor e consultor é colocar as cartas na mão das empresas. É saber o momento certo para sugerir a busca de crédito ou aporte de capital. Transações de risco, que somente recomendar­á com segurança o profission­al alicerçado por informaçõe­s.

O professor da PUC acrescenta que, além de competênci­as técnicas, como entender de finanças, administra­ção e contabilid­ade, a profissão requer outras habilidade­s fora da bolha.

“Precisa ter competênci­as humanas, saber gerenciar

pessoas, se relacionar com clientes e ter habilidade de comunicaçã­o. São competênci­as gerenciais que podem levar o profission­al ao nível de um diretor, conseguind­o ter uma visão macro do negócio”, ressalta.

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