Folha de Londrina

‘Fofocagem’, diz Gilmar sobre divulgação das ligações para Aécio

- Fernanda Wenzel Folhapress

- O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, chamou de “assanhamen­to” a divulgação do relatório da Polícia Federal que continha o número de ligações feitas entre ele e o senador Aécio Neves (PSDBMG). Em entrevista nessa segunda-feira (23) em Porto Alegre, Gilmar disse ser ilegal a divulgação de intercepta­ções que não sejam úteis ao processo, e criticou o que chamou de “fofocagem no plano das instituiçõ­es”.

“É um certo assanhamen­to, uma certa irresponsa­bilidade, só que feita não por ativistas, mas por gente que têm responsabi­lidade institucio­nal: delegado, ministro, juiz... isso não pode se fazer. Isso é abuso de autoridade.”

O relatório da Polícia Federal, tornado público pelo STF, revelou que 46 ligações foram realizadas via Whatsapp entre os telefones de Aécio Neves e Gilmar Mendes, de fevereiro a maio de 2017. Uma das ligações aconteceu no dia em que Gilmar deu uma decisão favorável ao tucano.

Gilmar também falou sobre a possibilid­ade de revisão da extradição de Cesare Battisti, que vai a julgamento nesta terça-feira (24) na Primeira Turma do STF.

O Supremo vai julgar uma liminar que concedeu um habeas corpus ao italiano, impedindo sua extradição. Para Gilmar Mendes, o caso deve ser remetido ao plenário do Supremo.

“Entendo que como é ato do presidente, é um habeas corpus inicialmen­te preventivo, a matéria, segundo o artigo 6º do regimento interno do Supremo, tem que ser decidida pelo Plenário do STF. Haveria outras razões. A própria questão foi resolvida pelo Plenário do Supremo. Não pode a Turma agora se sobrepor.”

Em 2009 o STF decidiu pela extradição de Battisti, com voto favorável de Gilmar Mendes. Mas na ocasião o Supremo também decidiu que caberia ao presidente da República acatar ou não a decisão.

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