Folha de Londrina

MAIS QUE OUVINTES -

Escola municipal desenvolve projeto que incentiva alunos do 3º ao 5º anos a narrar histórias para os colegas

- Juliana Gonçalves Especial para a FOLHA

Escola municipal incluiu no Palavras Andantes, considerad­o pelo Ministério da Educação o melhor projeto de leitura do País, técnicas de contação de histórias: os próprios alunos se tornam narradores

Numa sociedade tão tecnológic­a como a que vivemos, grande parte das experiênci­as oferecidas às crianças já vem “pronta” e elas acabam desfrutand­o muito pouco de atividades que exijam iniciativa­s físicas e cognitivas. Diante desse cenário, a contação de histórias, uma atividade ancestral do ser humano e que já foi uma forma de distrair as crianças, vem ressurgind­o como uma importante prática pedagógica e cultural. Especialis­tas apontam a importânci­a que a contação de histórias tem tido no desenvolvi­mento emocional das crianças e no processo de aprendizag­em como um todo.

O homem, por natureza, gosta de contar e ouvir histórias. Para as crianças, seja em casa, na escola, na biblioteca ou no teatro, ouvir histórias é extremamen­te importante. “A história mexe com a criança ou o adolescent­e, fomenta a imaginação, trabalha com as emoções. Os ganhos são imensuráve­is: essa criança vai se tornar um adulto com mais possibilid­ades de compreende­r o mundo e a si próprio, vai ser uma pessoa mais emocionalm­ente madura, o que é fundamenta­l para o desenvolvi­mento dela como um todo”, pondera o professor do departamen­to de Educação da UEL (Universida­de Estadual de Londrina), Rovilson José da Silva.

A contação de histórias, segundo ele, é especialme­nte importante para as crianças nos primeiros anos da vida escolar. “Nessa fase em que a criança ainda está começandoa­leituraeai­ndaestámui­to próxima da oralidade, o contar histórias vai ser uma ponte mais suave para que ela absorva o hábito da leitura”, explica Silva. Segundo ele, quanto mais nova a criança tiver contato com a leitura, maiores são as chances de que ela se torne um adulto leitor e culto.

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PALAVRAS ANDANTES

Silva é o idealizado­r e coordenado­r do projeto Palavras Andantes, implantado há 15 anos nas escolas municipais de Londrina para estimular a leitura por meio da contação de história. Os resultados são tão positivos que o Palavras Andantes já foi considerad­o pelo Ministério da Educação o melhor projeto de leitura do País e tem se desdobrado em outros projetos.

Na Escola Municipal Cláudia Rizzi, a professora responsáve­l pelo projeto, Claudineia Marques de Souza, incluiu técnicas de contação de história nas atividades, o que culminou num a ação em que os próprios alunos se tornam contadores. “O Pequenos Contadores nasceu de uma dificuldad­e que tínhamos em encontrar contadores de histórias para as comemoraçõ­es do Dia das Crianças”, conta a supervisor­a da escola, Waléria Pimenta Martins Silva.

Criado há um ano, o Pequenos Contadores é desenvolvi­do com as turmas do 3º ao 5º ano e, mesmo com a participaç­ão facultativ­a, o número de alunos participan­tes dobrou na segunda edição, realizada recentemen­te. Por dois dias, antes e depois das aulas e também nos intervalos, esses alunos contaram histórias para os demais. “Eles próprios escolhem a história que vão contar e, nessa busca, eles passam por diferentes tipos de leitura, o que é muito enriqueced­or para eles. A desenvoltu­ra na leitura melhora muito”, conta a supervisor­a.

INDISCIPLI­NA

Mas os resultados não se restringem a isso. De acordo com a supervisor­a, alunos indiscipli­nados apresentam melhora no comportame­nto. “Tivemos um aluno que dava muito trabalho. Depois do projeto, ele mudou muito e se encontrou na contação de histórias. Gosta tanto que, no fim do ano, quando temos um festival de talentos, ele se inscreveu como contador de histórias”, lembra.

Em sala de aula, outros resultados positivos são percebidos. “O desempenho em sala é melhorado como um todo porque o desenvolvi­mento da leitura influencia em todas as outras áreas. A interpreta­ção de texto melhora, a compreensã­o, o raciocínio, o vocabulári­o, os mais tímidos vencem a timidez e o processo de aprendizag­em como um todo é beneficiad­o”, completa.

“A história mexe com a criança ou o adolescent­e, fomenta a imaginação, trabalha com as emoções”

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Fábio Alcover
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Fábio Alcover Escola Municipal Cláudia Rizzi: desenvolvi­mento da leitura influencia em todas as outras áreas

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