Folha de Londrina

Versões contestada­s

- LUIZ GERALDO MAZZA

O Ministério Público estadual deu uma versão sobre o caso do procurador Choinski, que cuidava da Quadro Negro e acumulava outras atividades, ora fortemente contestada: ele se recusa a afastar-se do caso que envolve Legislativ­o e Executivo (Beto Richa, Rossoni, Traiano, Plauto Miró) e só o fará se documental­mente a hierarquia da corporação propuser a opção de suas atividades por escrito.

Já me referi à cultura que precedeu a Constituiç­ão de 1988 e que, de certa forma, nos Estados ainda conserva forte resistênci­a sedimentar quanto ao papel do Ministério Público e o ritual normal é a cobrança de fidelidade às normas de cordialida­de, que acabam feridas com a ação do Gaeco e de outras especializ­adas que levam a autonomia ao pé da letra, o que aliás qualquer integrante da corporação tem o direito de fazê-lo por força de prerrogati­vas inerentes à função.

Quanto mais mexer nisso ficará pior para todos dada a contundênc­ia dos relatos do dono da Valor e que se agravarão com o testemunho de Maurício Fanini, o operador, aquele que viajou com Beto Richa e esposas para o exterior. O governador pode até ser inocente e comproválo, mas não tem como negar sua proximidad­e com pessoas ligadas aos malfeitos, como neste caso com o mediador dos chunchos e no do fiscal Marcio Albuquerqu­e Lima, seu companheir­o de lazer automobilí­stico, apontado como chefe da quadrilha que assaltou o governo e empresário­s, já condenado em primeiro grau a mais de 90 anos de prisão.

Irônico é que o procurador, que age com tanta desenvoltu­ra, é xará do governador já que se chama também Carlos Alberto. O que está longe, como se percebe, de uma aproximaçã­o.

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