Versões contestadas
O Ministério Público estadual deu uma versão sobre o caso do procurador Choinski, que cuidava da Quadro Negro e acumulava outras atividades, ora fortemente contestada: ele se recusa a afastar-se do caso que envolve Legislativo e Executivo (Beto Richa, Rossoni, Traiano, Plauto Miró) e só o fará se documentalmente a hierarquia da corporação propuser a opção de suas atividades por escrito.
Já me referi à cultura que precedeu a Constituição de 1988 e que, de certa forma, nos Estados ainda conserva forte resistência sedimentar quanto ao papel do Ministério Público e o ritual normal é a cobrança de fidelidade às normas de cordialidade, que acabam feridas com a ação do Gaeco e de outras especializadas que levam a autonomia ao pé da letra, o que aliás qualquer integrante da corporação tem o direito de fazê-lo por força de prerrogativas inerentes à função.
Quanto mais mexer nisso ficará pior para todos dada a contundência dos relatos do dono da Valor e que se agravarão com o testemunho de Maurício Fanini, o operador, aquele que viajou com Beto Richa e esposas para o exterior. O governador pode até ser inocente e comproválo, mas não tem como negar sua proximidade com pessoas ligadas aos malfeitos, como neste caso com o mediador dos chunchos e no do fiscal Marcio Albuquerque Lima, seu companheiro de lazer automobilístico, apontado como chefe da quadrilha que assaltou o governo e empresários, já condenado em primeiro grau a mais de 90 anos de prisão.
Irônico é que o procurador, que age com tanta desenvoltura, é xará do governador já que se chama também Carlos Alberto. O que está longe, como se percebe, de uma aproximação.