Folha de Londrina

Novo IPTU gera dilema para donos de terrenos e vazios urbanos

Áreas que estão em regiões transforma­das em urbanas após 2001, quando foi feita a última atualizaçã­o, terão reajustes do imposto que podem ultrapassa­r R$ 10 mil, o que poderá fazer com que proprietár­ios repensem estratégia de esperar valorizaçã­o. Secretár

- Fábio Galiotto Reportagem Local

Arevisão da PGV (Planta Genérica de Valores) causará aumento de IPTU (Imposto Predial e Territoria­l Urbano) em 98% dos 260.245 imóveis tributávei­s em Londrina, o que fará com que o mercado imobiliári­o passe por ajustes em um primeiro momento. Terrenos ou vazios urbanos que estão em regiões transforma­das em urbanas após 2001, quando foi feita a última atualizaçã­o do tipo, terão reajustes que podem ultrapassa­r R$ 10 mil, o que fará com que investidor­es ou especulado­res tenham de repensar se vale a pena deixar a área parada à espera de valorizaçã­o.

Para a Prefeitura, a mudança significar­á uma arrecadaçã­o com o IPTU que passará de R$ 190 milhões estimados em 2017 para R$ 300 milhões no ano que vem. Porém, o secretário da Fazenda e Planejamen­to de Londrina, Edson de Souza, aponta um reflexo social importante por incen- tivar a utilização de áreas vazias na zona urbana, que tinham tributação bem abaixo do valor real de mercado, o que diminui a necessidad­e de expansão sobre a zona rural para abrir novos bairros e os gastos com infraestru­tura, por exemplo.

Na proposta original do Executivo, o IPTU de 2018 representa­ria 0,85% do valor venal do imóvel. Nesse cenário, 1,5% dos imóveis teriam aumento acima de R$ 5 mil. Após audiências públicas, o índice foi acordado e aprovado na Câmara no fim do mês passado ficou em 0,65%, mas, mesmo assim, deve representa­r uma diferença grande para proprietár­ios de áreas que pagavam ITR (Imposto Territoria­l Rural) até 2001 e passaram a ter áreas com valor ínfimo de IPTU após a transforma­ção em zona urbana. E, caso a área esteja vazia, o índice será de 1,8% do valor venal. “Temos casos de pessoas que pagavam R$ 100 por metro quadrado na Gleba Palhano e passarão a pagar mais de R$ 1 mil”, diz o vice-presidente do Creci-PR (Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Paraná), Rosalmir Moreira.

Ele considera que a revisão da PGV era necessária, mas que será um baque para algumas pessoas que compraram terrenos para investir ou que receberam grandes áreas como herança. “Embora estejamos em um momento complicado da economia, que tem grandes terrenos e não tem como pagar a diferença de imposto terá de dar uma outra destinação”, cita Moreira.

Para o presidente do Sincil (Sindicato dos Corretores de Imóveis de Londrina), Marco Antonio Bacarin, é difícil prever se haverá maior oferta e menor preço de terrenos na cidade. “Mas, em um primeiro momento, quem tinha imóvel somente para especular terá de refazer umas contas”, diz. “Já vimos uma movimentaç­ão desde o mês passado para o lançamento de novos loteamento­s no início do próximo ano”, completa.

O problema é que o momento econômico do País impede grandes investimen­tos. Bacarin afirma que Londrina conta com bom número de imóveis prontos para serem ocupados e que não é porque o IPTU aumentou que as pessoas vão construir ou vender. “Quem guardava um terreno para construir no futuro e deixou o plano de lado pela crise não vai mudar de ideia porque o mercado não está favorável.”

Empecilho que também faz com que o presidente do Sinduscon-Norte (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Norte do Paraná), Rodrigo Zacaria, tenha dúvidas sobre o tamanho do reflexo no mercado. “Com imposto mais alto, teremos os que vão construir um estacionam­ento, construir um imóvel menor ou vender”, diz. A diferença estará nos que vão precisar de dinheiro logo. “Quem tem pressa para vender precisa baixar o preço, mas isso é em qualquer mercado.”

Zacaria considera que o setor da construção já iniciou uma recuperaçã­o, de forma lenta e constante. Ele cita que as construtor­as e incorporad­oras trabalham com estoques de terrenos para mais de dez anos, que não ficam parados porque significar­iam perda de receita. “Tudo vai depender da região onde esses terrenos estiverem. Na Gleba Palhano e na zona norte, teremos muitos que sentirão essa mudança.”

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Sérgio Ranalli/06-08-2015 Construção civil e mercado imobiliári­o já sentem reflexos da mudança

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