O recorde e o risco
Incrível descoberta dos jornalistas Celso Unzelte e Gustavo Longhi de Carvalho. O Corinthians de Fábio Carille, formação escalada contra a Ponte Preta, tornou-se ontem a mais usada em todos os tempos na equipe. Juntos, os onze titulares jogaram 13 vezes. Perderam pela primeira vez. E na hora errada.
Porque, a partir de hoje, o Palmeiras só depende de si para ser campeão brasileiro. Tem de ganhar do Cruzeiro e do Corinthians, em Itaquera, clássico de domingo. Neste caso, assumirá a liderança pelo maior número de vitórias.
A formação que mais vezes vestiu a camisa do Corinthians será lembrada de qualquer maneira. Ou por vencer o Brasileirão ou por perder o campeonato mais ganho do clube, desde 1910.
Cássio, Fágner, Balbuena, Pablo e Arana; Gabriel e Maycon; Jádson, Rodriguinho e Romero; Jô. Igualaram-se a Solito, Alfinete, Mauro, Daniel González e Wladimir; Paulinho, Sócrates e Zenon; Ataliba, Casagrande e Biro-Biro.
Os campeões paulistas de 1982, escalação clássica da Democracia Corinthiana, campeã paulista de 1982, também jogou junta treze vezes. Ganhou sete, empatou duas e perdeu quatro vezes --no bicampeonato, de 1983, Leão era o goleiro.
Aquele time de 35 anos atrás era muito melhor do que o atual. Mas foi derrotado quatro vezes. Este, uma vez apenas. Neste domingo.
A Ponte Preta jogou como Eduardo Baptista tentou fazer o Palmeiras jogar. O mesmo 4-1-4-1. Desta vez, com Lucca pela direita.
Quando perdia a bola, a Ponte se recompunha com Lucca fechando o lado. Marcava Arana e atacava o lado do melhor lateral esquerdo... do primeiro turno. Quando a Ponte Preta recuperava a bola, Lucca entrava em diagonal como atacante, aproximando-se de Émerson Sheik.
Como na jogada do gol, cruzamento de Jéferson, completado por Lucca, de cabeça.
Dos 21 gols sofridos pela melhor defesa do campeonato, 12 foram de cruzamentos.
No primeiro semestre, era claro que só se entrava na defesa corintiana pelo alto ou em chutes de fora da área. Era bom. Não se invadia a área corintiana. Era uma espécie de Linha Maginot, onde só se entrava pelo alto.
Agora, invade-se o Corinthians. Foram nove gols sofridos no primeiro turno. São doze no segundo.
O Corinthians segue melhor quando não precisa ter a bola. Quando não se temia o time de Carille, os adversários atacavam. O Corinthians esperava, marcava e vencia.
Pode ser só coincidência, mas o jogo de Campinas foi o 17º do campeonato com mais posse de bola corintiana. A quinta derrota, com seis vitórias e seis empates.
Nas partidas em que o Corinthians teve menos posse de bola, somou 11 vitórias, dois empates e uma derrota, contra o Bahia.
A demonstração evidente é que o Corinthians é um time desta nossa época de Brasileirão, em que os trabalhos não têm continuidade e o êxodo exila o talento. É muito mais fácil destruir do que construir.
O Corinthians derrotado pela primeira vez neste domingo não é melhor do que o de 35 anos atrás, com quem agora compartilha o recorde.
Aquele foi campeão com o melhor ataque e a melhor defesa do Paulistão. Era demais! O atual precisa ganhar do Palmeiras, ou ficará na história pela porta dos fundos. Será de menos.
O Santos ainda tem chance de ser campeão brasileiro de 2017 e terá Elano como técnico até o final da temporada. Ou seja, o campeão terá um técnico que começou como a competições substituto. Ou Fábio Carille, interino no Corinthians no ano passado, ou Alberto Valentim, ou Elano.
Incrível o desempenho de Hernanes. No sábado (28), ele foi o dono do jogo, Levir Culpi escalou Alisson para marcá-lo, mas nos dois gols quem o acompanhava era Renato. Em ambos, deu o passe para o gol. Importante entender que o São Paulo cresceu quando o novo time pôde se repetir.