LEMBRANÇAS DE UM VEXAME
Imagine se fosse o abecedário inteiro hein... Desdenhei do jogo do Londrina contra o ABC porque para mim o time já cumpriu o seu dever nesta Série B ao evitar qualquer risco de rebaixamento – risco, aliás, que eu, particularmente, jamais vi. De modo que só liguei a televisão no início do segundo tempo, quando os potiguares já venciam por 1 a 0. Aí veio o segundo gol, em falha do César, e pensei comigo: opa, tem um cheirinho de jogo histórico aí. O que me fez adiar a corrida no lago e permanecer no PFC. O terceiro gol, em nova falha do nosso bom goleiro, ia consumando o desastre, e, pelo fato dos grevistas continuarem dando um baile e perdendo gols feitos que tornariam a tragédia ainda maior, me vi temendo que o Londrina do Tencati repetisse aquele que pra mim é o maior vexame da história do clube.
2003. Estádio Jaime Cintra, em Jundiaí. O time então treinado por Roberto Fernandes, hoje no Náutico, ainda sonhava com a classificação para a segunda fase da Série B (era a era pré-ponto corrido). Fui junto com o fotógrafo Roberto Custódio cobrir o jogo pelo extinto Jornal de Londrina. O LEC perdeu de 7 a 1 do Paulista. Hoje em dia o 7 a 1 virou folclore e entrou para o anedotário do futebol graças ao Brasil x Alemanha da Copa de 2014. Mas os londrinistas, como os santistas, sabem o quão doloroso é um 7 a 1 “raiz”. O que agoniava naquele jogo em Jundiaí é que os 90 minutos pareciam não terminar nunca, tamanho era o vareio de bola. Ao final do jogo, postado com os colegas de rádio na porta do ônibus do Londrina, em um tempo em que não havia as protocolares entrevistas coletivas de hoje, lembro ao treinador que ele havia dito há algumas rodadas que quando não conseguisse mais tirar nada da equipe saberia a hora de entregar o cargo e se aquele não lhe parecia ser então a ocasião oportuna. Ele disse que não. Foi demitido no dia seguinte. Não acho, mesmo, que este seja o caso do Tencati. É mais um vexame, somado ao do Gurupi, em fevereiro, que ele terá que digerir. E só. A relação custobenefício nesse casamento de seis anos ainda é altamente favorável para ele e para o Londrina. Só acho uma pena o ano da conquista da Primeira Liga ficar também marcado pelos dois maiores vexames da era SM. Boa semana.