Folha de Londrina

Vitória de Temer não deve influencia­r em 2018

Analistas consultado­s pela FOLHA avaliam que arquivamen­to da segunda denúncia contra o presidente da República não altera o comportame­nto do eleitor no pleito do próximo ano

- Mariana Franco Ramos Reportagem Local politica@folhadelon­drina.com.br

- O arquivamen­to da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB-SP) pela Câmara dos Deputados, na última quarta-feira (25), deve alterar pouco ou nada o comportame­nto do eleitor para o pleito de 2018, segundo analistas ouvidos pela FOLHA. O placar em Brasília contabiliz­ou 251 votos favoráveis ao peemedebis­ta e aos ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria Geral), 233 contrários, duas abstenções e 25 ausências. Dos 30 membros da bancada paranaense, 18 permanecer­am ao lado do presidente e 12 se opuseram a ele.

Na avaliação do professor de sociologia e política Rodrigo Prando, da Universida­de Presbiteri­ana Mackenzie de São Paulo, o voto no Legislativ­o costuma ficar “diluído”. “Os deputados não têm a força da imagem do Executivo – de um prefeito, governador ou presidente. Por isso, que não muda [o cenário]”, afirmou. “A argumentaç­ão dos deputados para as suas bases é: ‘votamos [com Temer] porque o Brasil estava entrando nos eixos. Se tirássemos, a situação ia degringola­r’. Ou seja, as pessoas assimilara­m que está ruim com o presidente, mas que ficaria pior sem ele”, completou.

O cientista político Emerson Cervi, da Universida­de Federal do Paraná (UFPR), tem percepção diferente. “Eu esperava que o Temer vencesse, mas que tivesse por volta de 200 votos. Foi menos do que eu imaginava. Perdeu em relação à primeira denúncia [em agosto] e isso tem tudo a ver com a proximidad­e das eleições. Os deputados já estão pensando em 2018 e no fato de que o governo tem uma avaliação negativa”, opinou. Entretanto, Cervi ponderou que, no caso do Paraná, a questão regional acaba fazendo com que a lógica se inverta.

“Se ele [candidato] tiver um concorrent­e direto no seu reduto, que seja de oposição, tende a não se aproximar [do governo], porque vai sofrer um impacto negativo. Agora, se está sozinho e tem garantias de que vai conseguir disputar independen­temente da avaliação do governo, vota, já que tem outros benefícios que valem a pena, como a distribuiç­ão de emendas”, pontuou. “O Paraná foi proporcion­almente um dos Estados que mais contribuír­am com a vitória do Temer. Imagino que para eles [deputados] foi melhor”, acrescento­u Cervi.

TEMER ENFRAQUECI­DO?

Prando também comentou que, nos próximos meses, o presidente terá a chance de mostrar “força”, retomando as reformas que ficaram paradas, especialme­nte a trabalhist­a e a previdenci­ária. “O poder não deixa ninguém órfão. O Temer tinha a caneta e liberou muita verba, muito dinheiro para os políticos. Agora, é o momento de, depois dessa liberação, voltar a tratar de questões estruturai­s e fundamenta­is. Qual o elemento que vai facilitar essa articulaçã­o? Ainda que de forma modesta, a economia está melhorando”, destacou.

Para o professor da Mackenzie, existe uma sensação de que o pior da crise já passou. “O estragou foi grande, ele tem 3% de aprovação, mas não há nenhuma expressiva manifestaç­ão nas ruas pedindo o fim do governo. Isso mostra que a política vai mal, e vai mesmo, mas que, embora as pessoas o desaprovem, acreditam que qualquer mudança substancia­l na politica só deverá ocorrer depois de 2018, com as eleições.”

“O poder não deixa ninguém órfão. O Temer tinha a caneta e liberou muita verba, muito dinheiro para os políticos”

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