Morte de Amanda Rossi completa dez anos
Amanda Rossi tinha 22 anos quando foi assassinada dentro do campus, em 27 de outubro de 2007; professora acusada de ser a mandante ainda não foi a Júri
Oritual é o mesmo: o aposentado Luiz Carlos Rossi, 59 anos, permanece por horas na varanda de casa, lendo um jornal, observando o movimento da Rua Santa Bárbara, Vila Fraternidade, na zona leste de Londrina. Hábito que ele repete há décadas, desde que se mudou ao bairro. No entanto, há 10 anos Luiz perdeu a companhia da filha Amanda Rossi, assassinada no dia 27 de outubro de 2007, aos 22 anos de idade, dentro de uma universidade no Jardim Piza (zona sul), onde a jovem cursava Educação Física.
“Hoje eu me sento aqui e ainda vejo ela deitada nesta rede, com os livros da faculdade na mão, ao meu lado. Esses 10 anos não tiraram ela da minha cabeça”, contou o aposentado na tarde chuvosa da última sexta-feira, quando a morte da filha completou uma década.
Mesmo diante da data, ele não deixou a rotina de lado. O comportamento é o mesmo de sempre. “A tristeza existe, é claro, mas esses anos me ensinaram muito. Um misto de tristeza e alegria. Alegria por tudo que a Amanda deixou de bom”, adiantou ele. “Prefiro guardar os momentos bons.” Segundo ele, amigos e a filha mais caçula fariam uma homenagem para Amanda na Paróquia Nossa Senhora Perpétuo Socorro, Vila Fraternidade, na missa do último fim de semana. Lugar que era frequentado por Amanda e toda a família.
O aposentado somente perde um pouco do ar sereno ao falar da morosidade que envolve o processo de Denise Madureira, acusada de ser a mandante do crime. Na época, Denise era professora do curso de Educação Física da Unopar e dava aula para Amanda. “A ferida ainda continua aberta. E um dos motivos é por esta pessoa ainda não ter sido julgada. Isso nos faz sofrer demais. Até ela (Denise) deve sofrer com essa demora toda. Se ela realmente é inocente, poderia comprovar isso diante do Tribunal do Júri”, disse.
O CRIME
A universitária Amanda Rossi foi encontrada morta na casa de máquinas da piscina da universidade, no dia 29 de outubro de 2007. A jovem havia desaparecido dois dias antes, durante um evento de dança no mesmo centro universitário.
Segundo a advogada da família Rossi, Helen Katia Cassiano, três pessoas teriam participado do crime: Dayane de Azevedo, que teria atraído Amanda até o local do assassinato; Alan Aparecido Henrique, executor; e Luiz Vieira da Rocha, que teria intermediado a conversa entre a mandante e os demais envolvidos.
“No dia do crime, Daiane foi até Amanda e disse que a professora Denise a estaria esperando na casa de máquinas. Alan era quem a aguardava. Segundo o perito criminal, ele deu um golpe com um objeto pontiagudo e acertou a região acima dos seus olhos dela. Amanda se desequilibrou e Alan a teria estrangulado. Alan seria o autor direto. Luiz não estaria no local no momento do crime, mas teria intermediado tudo”, detalha a advogada, acrescentando que eles foram pagos para executar o crime.
Os três foram condenados: Dayane foi submetida a pena de 23 anos de prisão, Alan Aparecido, a 21 anos e Luiz Vieira da Rocha, a a 19 anos. Após as condenações de Alan e Daiane, em 2011, e Luiz, em 2012, resta apenas o julgamento da Denise Madureira, que está em liberdade. “O processo encontra-se na 1ª Vara Criminal há praticamente 10 anos”, explicou a advogada. “A demora causa muito sofrimento aos familiares. Isso precisa ser resolvido. Na ocasião, a Polícia Civil de Londrina pediu o indiciamento por homicídio qualificado da professora. O delegado (de Delegacia de Homicídios) da época, Paulo Henrique Costa, entendeu que ela era responsável por mandar matar Amanda Rossi”, explicou a advogada.
MENTE DOENTIA
A advogada Helen Katia Cassiano lembrou, ainda, que haveria mais uma pessoa envolvida no crime – uma aluna, que não gostava de Amanda – que teria influenciado a professora a encomendar o crime. “A Denise teria sido convencida por uma outra mulher, com quem pretendia ter um relacionamento. Esta outra mulher é que não gostava da Amanda. Uma mente doentia, que sentia inveja e raiva da Amanda. Temos o nome desta outra mulher, mas não podemos divulgá-lo”, relatou. “Fizemos uma investigação paralela e descobrimos que Amanda não tinha envolvimento amoroso com outra mulher. Ela não era homossexual, namorava um rapaz na ocasião.”
A reportagem tentou ouvir o promotor criminal que atua no caso, Ricardo Alves Domingues, mas não conseguiu manter contato com ele na tarde de sexta-feira (27). Nas tardes de quinta e sexta-feira a reportagem entrou em contato com o delegado Paulo Henrique Costa, hoje titular do 5° Distrito Policial, mas ele também não estaria no DP. O advogado da professora, Luciano Bignatti Niero, também foi procurado, mas ele não deu retorno à solicitação de entrevista.