FGV saiu na frente
A microrreforma política só favorece os atuais mandatários e, ao invés de diminuir a distância entre a representação e o Congresso, cortará o embalo da renovação”
Antes que alguém (mormente políticos do governo atual) se apropriasse do fato de que a recessão se extinguiu em dezembro de 2016 e a faturasse como obra sua, um conselho superior da Fundação Getúlio Vargas fez a divulgação do fato semana passada. Assim mesmo, a notícia em si favorece a escalada de sinais positivos no horizonte da economia entre as quais a melhora sensível no registro de trabalho com carteira assinada e recorde de vendas em nossas montadoras, tanto no mercado interno quanto na exportação, bem como melhoras na performance em setores industriais e serviços. Obviamente, tais melhorias favorecem o atual governo, sua bandeira de reformas e a agenda de medidas que irão desafogar ainda mais a economia. Nesse clima é que se pretende ungir o ministro Henrique Meirelles, da Fazenda, como postulante presidencial pelo PSD, que é a figura de maior credibilidade, principalmente externa e, consequentemente, do mercado, a desempenhar tal papel. Já há um plano para levá-lo ao Amazonas e mais ainda aos dois Estados governados pela sigla, o Rio Grande do Norte e Santa Catarina. Essa é uma das mais fortes especulações do momento. É perceptível que nada dos ônus do governo Michel Temer, como se uma barreira sanitária o protegesse, atinge o ministro e ao contrário de todos é quem tem a imagem mais forte em termos de identificação com o mercado, valor mais cultuado pelo tal reformismo e o discurso corriqueiro da moda.