Folha de Londrina

Estudo para ampliar carga horária de professore­s na rede municipal de 20 para 30 horas provoca resistênci­a em reunião pública

Estudo da Secretaria Municipal de Educação estende de quatro para cinco horas diárias trabalho de parte dos servidores em 2018; sindicato resiste a alteração

- Guilherme Marconi Reportagem Local

ASecretari­a Municipal de Educação de Londrina iniciou um estudo para aumentar a carga horária dos professore­s de 20 para 30 horas semanais, isto é, passando de quatro para cinco horas diárias. A proposta seria aplicada já no início das aulas em fevereiro de 2018 e atinge 1,4 mil professore­s dos 4,6 mil da rede escolar. O projeto nem saiu do papel, mas já sofreu resistênci­a da maioria dos 300 professore­s presentes na reunião pública convocada pela Câmara Municipal de Londrina segunda-feira (30) à noite.

A secretária Maria Tereza Paschoal de Moraes admitiu que a oposição foi grande ao projeto, mas enfática, defendeu a mudança para o próximo calendário escolar. “Qualquer mudança positiva para educação é urgente. Neste caso é um investimen­to”, disse, ao ressaltar que o prefeito Marcelo Belinati (PP) está disposto a bancar o projeto que irá ter um impacto de R$ 25 milhões ao ano no orçamento. Segundo o estudo, do total de 4,6 mil professore­s da rede, três mil estão enquadrado­s para se candidatar às 1,4 mil vagas que seriam abertas para jornada estendida.

A proposta tem ainda o objetivo de ampliar a permanênci­a do aluno de 1º ao 5º ano do ensino fundamenta­l em sala de aula e investir no aperfeiçoa­mento dos professore­s em formação presencial e a distância. Outra consequênc­ia da medida será zerar o gasto com horas extras. “Queremos acabar com as horas extraordin­árias que somam R$ 2 milhões.”

OPOSIÇÃO O Sindiserv (Sindicato dos

Servidores Municipais de Londrina) criticou a pressa e reivindico­u que o projeto seja apresentad­o por escrito. “É prematura a discussão. A medida deveria ser aplicada para 2019”, disse o presidente do Sindserv, Marcelo Urbaneja.

A categoria tem outras dúvidas sobre o projeto piloto. Para o sindicato, a medida traz impacto também aos profission­ais que não quiseram aderir voluntaria­mente à jornada estendida. “Quem não aceita a mudança terá que mudar de escola? Imagina a logística disso? É uma movimentaç­ão muito grande”, indagou. Urbaneja questionou ainda a fragmentaç­ão. “Essas horas a mais seriam feitas durante a semana ou aos sábados?”

O presidente justifica que a medida interfere diretament­e na vida dos professore­s. Isso porque muitos têm dupla jornada. Ou seja, trabalham em outras escolas e não conseguiri­am se adaptar às mudanças. “É uma angústia tremenda porque mexe na vida das pessoas.”

PESQUISA

A secretária de Educação informou que não há projeto por escrito porque a medida ainda está em fase de estudo e que ainda será feita uma pesquisa em toda rede para verificar se a maioria está disposta à mudança. “Tem muita gente que é favorável. Quem não quer ganhar 50% a mais?”, disse completand­o que será feita a avaliação do impacto da medida e a logística da mudança será apresentad­a posteriorm­ente. “Sabemos que o corporativ­ismo é grande, mas vamos ampliar esse debate”

Segundo Maria Tereza, só depois da pesquisa o projeto vai ser redigido e será encaminhad­o à Câmara. “Um decreto ainda será feito para regulament­ar toda a jornada da categoria”, completou.

Caso a ampliação de jornada não seja aprovada pela categoria, a única solução da pasta seria a contrataçã­o de 400 professore­s, por meio de concurso, para cobrir o deficit de mão de obra na rede municipal.

CÂMARA

O presidente da Comissão de Educação da Câmara Municipal, Amauri Cardoso (PSDB), também cobrou do Executivo que a proposta seja apresentad­a por escrito e de maneira clara. “A forma que o assunto foi apresentad­o foi péssima, com muita desinforma­ção, o que causou instabilid­ade no chão da escola”, disse. Por outro lado, Cardoso acredita que a discussão precisa ser feita. “Não podemos avaliar ainda o conteúdo porque ainda não há projeto, por isso convocamos a reunião pública.”

Quem não aceita a mudança terá que mudar de escola? Imagina a logística disso?” A forma que o assunto foi apresentad­o foi péssima, com muita desinforma­ção”

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Devanir Parra/CML “Tem muita gente que é favorável. Quem não quer ganhar 50% a mais?”, disse a secretária de Educação, Maria Tereza Paschoal, que expôs a proposta durante reunião pública com os professore­s na Câmara, na segunda-feira

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