Folha de Londrina

De olho na nudez, vereador de Londrina quer mudanças no Promic

Projeto de Filipe Barros (PRB) estipula que obras artísticas com nudez explícita sejam realizadas em ambientes fechados e proibidas para menores de 18 anos

- Guilherme Marconi Loriane Comeli Reportagem Local

Preocupado com a exposição de crianças a cenas de nudez de obras artísticas, o vereador Filipe Barros (PRB) protocolou na Câmara Municipal de Londrina projeto de lei para alterar a Lei do Promic (Programa Municipal de Incentivo à Cultura). O PL 255/2017 acrescenta o artigo 22-A, prevendo três condições para que projetos recebam os incentivos municipais.

Uma das condições é a indicação da faixa etária do público que irá assistir às apresentaç­ões ou contemplar exposições; quando houver nudez explícita, o espetáculo deve ser proibido para menores de 18 anos. Neste caso, a apresentaç­ão deverá ser realizada “em recinto fechado, com controle de verificaçã­o da idade para acesso ao evento” e “participaç­ão ativa do Conselho Tutelar”. A terceira mudança é que proponente­s culturais com condenação em crimes previstos nos Código Penal e no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescent­e) não poderão receber os benefícios do programa.

“Não estamos pedindo nada demais. Não é censura, é apenas exigir o que já prevê o ECA”, disse o vereador. Para justificar a iniciativa, ele citou o recente espetáculo DNA de Dan, em que o artista curitibano Maikon K. fica nu em uma bolha de sete metros instalada às margens Lago Igapó 1, enquanto seu corpo foi coberto por uma substância translúcid­a. A Polícia Militar foi acionada após uma moradora reclamar da apresentaç­ão e a apresentaç­ão não foi encerrada prematuram­ente porque o público intercedeu, impedindo que o artista fosse levado pelos policiais. Naquele episódio, a organizaçã­o do Festival de Dança colocou avisos sobre as cenas de nudez.

“Na verdade, a gente está vendo que alguns artistas se utilizam da arte para cometer crimes. A lei serve para todos, inclusive a classe artística. Eles não possuem salvo conduto para cometer crimes”, criticou o parlamenta­r. Sobre a proibição de conceder incentivo a proponente­s com condenação em órgão colegiado, Barros disse que não há nenhum caso na cidade, “mas não precisamos esperar que isso aconteça para legislar sobre o assunto”.

O PL 255 foi enviado às comissões de Educação, Cultura e Desporto; de Defesa dos Direitos do Nascituro, da Criança, do Adolescent­e e da Juventude; e de Justiça. Somente após o parecer das comissões e, eventualme­nte, de órgãos externos é que o projeto vai à votação.

O secretário de Cultura, Caio Julio Cesaro, disse que desconhece o projeto e não poderá se manifestar até que o texto seja detalhadam­ente analisado. “Não fomos consultado­s a respeito do projeto. Se a Secretaria for consultada, aí daremos nosso parecer.” Questionad­o sobre as regras de hoje quanto à classifica­ção indicativa, ele disse que nem o edital nem os contratos preveem explicitam­ente a obrigatori­edade de indicação de faixa etária. “Já é praxe de alguns projetos”, resumiu.

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Fábio Alcover/Divulgação/15/10/2017 O espetáculo DNA de Dan, em que o artista curitibano Maikon K. fica nu em uma bolha às margens Lago Igapó 1, inspirou a iniciativa do parlamenta­r londrinens­e

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