Folha de Londrina

Desigualda­de de gênero

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OFórum Econômico Mundial estima que vai levar 100 anos para que o mundo atinja a igualdade entre homens e mulheres. Na quinta-feira (2), a organizaçã­o divulgou seu relatório anual, que analisa as diferenças entre gêneros em quatro aspectos: participaç­ão e oportunida­de econômica, nível educaciona­l, saúde e expectativ­a de vida e empoderame­nto político.

Nos últimos 11 anos, o mundo vinha diminuindo lentamente essa desigualda­de. O novo relatório mostra o primeiro retrocesso, desde o primeiro levantamen­to feito em 2006.

A situação no Brasil é pior que a média mundial. Nossa nota baixou de 0,687 para 0,684 de 2016 para 2017. E a posição no ranking de 144 países piorou muito, saindo da 79ª para a 90ª. O histórico do estudo do Fórum Econômico Mundial mostra que outras nações trataram de combater a desigualda­de de gênero mais que o Brasil, já que o País se encontrava no 67º lugar há 11 anos. Hoje, em toda a América Latina, só ganhamos do Paraguai (96º) e Guatemala (110º). Estamos bem atrás da Argentina (33º), Colômbia (36º), Peru (48º), Uruguai (56º), e Chile (63º).

A pior posição brasileira (110ª) se dá no quesito empoderame­nto político. Não é necessário fazer muita pesquisa para entender o porquê. O Congresso Nacional espelha bem a desigualda­de entre homens e mulheres por qui. Elas são apenas 11% na Câmara dos Deputados e somente 16% no Senado.

No Executivo, a relação, que nunca foi equilibrad­a, piorou no governo de Michel Temer. Quando o peemedebis­ta deu posse a 23 ministros em maio do ano passado, ainda como interino, não havia nenhuma mulher. Ele só foi nomear a primeira ministra, Grace Mendonça, da AGU (Advocacia Geral da União), quatro meses após chegar à Presidênci­a, depois de muito ser criticado.

O País tem apenas 640 prefeitas, nem 12% do total de líderes do Poder Executivo municipal. Em Londrina, de 19 vereadores, apenas uma é mulher. “A desigualda­de de gênero é um imperativo moral e econômico. Alguns países entenderam isso e agora estão colhendo os dividendos das medidas tomadas para tratar o tema”, afirmou o chefe de Educação, Gênero e Trabalho do Fórum, Saadia Zahidi.

Se nenhuma medida inclusiva for tomada, o Brasil será um dos últimos a superar a desigualda­de entre homens e mulheres, daqui a um século.

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