Folha de Londrina

PF indicia na Lava Jato filha do delator Pedro Corrêa

Ex-deputada, Aline Corrêa foi indiciada por corrupção passiva e lavagem de dinheiro

- Politica@folhadelon­drina.com.br Julia Affonso Agência Estado -

A Polícia Federal indiciou a ex-deputada Aline Corrêa (PPSP) por corrupção passiva e lavagem de dinheiro na Operação Lava Jato. A ex-parlamenta­r é filha do também ex-deputado Pedro Corrêa, delator do esquema de propinas instalado na Petrobras. O inquérito contra Aline havia sido instaurado a partir da delação do exdiretor de Abastecime­nto da Petrobras Paulo Roberto Costa. O relatório de indiciamen­to foi entregue pela PF na segunda-feira, 30, e cita ainda o doleiro Alberto Youssef e a empreiteir­a UTC, controlada pelo executivo Ricardo Pessoa. Todos são delatores.

“Entendo que há indícios de autoria e materialid­ade quanto à prática, por Aline Corrêa, do crime de lavagem de dinheiro e corrupção, uma vez que aderiu à conduta criminosa de Pedro Corrêa, Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa, e tendo provido os meios materiais para a ocultação/dissimulaç­ão de recursos, recebendo recursos em espécie por determinaç­ão de seu pai, e

São Paulo

tendo atuado para recebiment­o de recursos inclusive em benefício de sua campanha eleitoral de 2010 (no caso das doações realizadas por UTC e Constran)”, afirmou a delegada Renata da Silva Rodrigues, da PF

Paulo Roberto Costa relatou que Aline ‘deveria ter algum tipo de beneficio oriundo dos recebiment­os do partido a partir da cota devida pelos contratos firmados no âmbito da Diretoria de Abastecime­nto da Petrobras’. Paulo Roberto Costa declarou que a ex-deputada ‘nunca’ havia pedido pessoalmen­te valores a ele, mas que lembrava de Aline ‘porque participav­a de algumas das reuniões com o grupo principal de dirigentes do PP, em razão de ser filha de Pedro Corrêa’.

A PF elencou no relatório os acessos de Aline a endereços comerciais do doleiro. Aline esteve, segundo os investigad­ores, em um escritório na Avenida São Gabriel, em São Paulo, por 15 vezes, de agosto de 2010 a setembro de 2012, e por 6 vezes, de agosto de 2013 a janeiro de 2014 no endereço da Rua Renato Paes de Barros.

Alberto Youssef declarou que Aline Corrêa ‘recebia um repasse mensal dos líderes do PP no montante de R$ 30 mil, oriundos dos recursos do caixa do Partido Progressis­ta na Petrobras’. O doleiro relatou que a ex-deputada ‘ia toda segunda ou sextafeira’ a seus escritório­s ‘para reclamar que seu pai e demais dirigentes do PP não estavam fazendo os devidos repasses’ e pedia que ele realizasse os repasses diretament­e a ela.

Ouvida como colaborado­ra da Justiça, Aline Corrêa afirmou que esteve no escritório do doleiro ‘para pegar dinheiro a pedido de seu pai’. “Esclarece, no entanto, que não sabe indicar os valores que recebeu diretament­e de Alberto Youssef, mas sabia informar que era sempre dinheiro em espécie, acondicion­ado numa sacola de papel: que seu pai alegava que era um crédito que ele possuía junto a Alberto Youssef”, disse.

De acordo com o depoimento, Aline narrou que seu ‘papel’ limitava-se a receber o dinheiro, ‘sempre das mãos de Youssef, e guardar em seu flat até que seu pai passasse e o pegasse lá’.

A defesa de Aline Corrêa foi procurada pela reportagem, mas ainda não se manifestou.

Em dois anos, Aline foi 15 vezes a endereço comercial do doleiro Beto Yousseff

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