Folha de Londrina

Deixei meu coração em Aparecida

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Estive em Aparecida para visitar a Mãe de Deus. Foi a minha primeira vez na terra da Padroeira, e nunca me esquecerei desse dia.

Na majestosa Basílica, a primeira certeza é a de que Jesus está no centro de tudo: Ele é a luz que entra pelos vitrais e ilumina a cruz suspensa acima do altar. A imagem da Mãe Aparecida, com apenas alguns centímetro­s de altura, situa-se em um pequeno e discreto nicho, de onde observa para sempre o movimento do povo em direção ao Filho. Temos ali a própria imagem da humildade e da contemplaç­ão: uma mulher negra, feita de barro e pureza, olha para um milagre de 300 anos. “Fazei tudo que Ele vos disser.”

Quando vi milhares de pessoas em louvor a Deus, meu coração se encheu de esperança. Um país com tanta fé simplesmen­te não pode ser levado ao abismo. Sentimento que se fortaleceu ainda mais quando vi alguns romeiros subindo de joelhos a imensa passarela que liga a antiga e a nova Basílica.

Há 70 anos, três mulheres de minha família estiveram em Aparecida. Mãe Mulata, Maria e a pequena Aracy buscavam ajuda para as brutais dificuldad­es enfrentada­s pela família. Deve ter sido nessa visita que minha avó Maria adquiriu a pequena imagem de ferro que hoje está em minha mesa de trabalho. Ao visitar a Basílica antiga, fiquei imaginando os detalhes da peregrinaç­ão de minha bisavó, avó e mãe há sete décadas. Elas eram feitas do mesmo ferro da imagem que está aqui.

Nas mãos, levo seis garrafas da água de Aparecida, que foram abençoadas pelo querido Padre Rafael Solano, nosso companheir­o de peregrinaç­ão. No antigo Seminário do Bom Jesus, encontro com o Dom Orlando Brandes, ex-arcebispo de Londrina e atualmente arcebispo de Aparecida. Ele me pede notícias da terrinha e quer que eu escreva algo bem bonito sobre a Padroeira. Tento, D.

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Paulo Briguet

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