Folha de Londrina

ECONOMIA NOSSA DE CADA DIA

São duas as principais formas de condução da política monetária: contracion­ista e expansioni­sta

- por Marcos Rambalducc­i Marcos J. G. Rambalducc­i é professor doutor da UTFPR (Universida­de Tecnológic­a Federal do Paraná) e consultor econômico da Acil economiano­ssa@folhadelon­drina.com.br

Política monetária ainda distante de estimular a economia

O BC (Banco Central), por meio do Copom (Comitê de Política Monetária), anunciou ao final de sua última reunião (25/10) redução de 0,75 ponto percentual na taxa básica de juros, que ficou em 7,5% ao ano. A pergunta que se faz é se esta redução é capaz de servir de real estímulo para a economia.

As duas possibilid­ades

São duas as principais formas de condução da política monetária a serem adotada pelos governos: uma política contracion­ista ou uma política expansioni­sta.

A política monetária contracion­ista

Esta opção exige aumentar as taxas de juros, tornando mais atraente ao investidor emprestar dinheiro ao governo (comprando títulos públicos) do que disponibil­izá-lo para o setor privado investir na produção (comprando máquinas e equipament­os, por exemplo).

Esta política é utilizada quando a economia apresenta ou está na iminência de apresentar elevação na inflação.

Tal política contracion­ista é recessiva por excelência porque faz baixar a inflação à custa da redução do consumo tanto das pessoas quanto das empresas.

A política monetária expansioni­sta

A política monetária expansioni­sta consiste em deixar menos atrativos os títulos públicos, baixando as taxas de juros e fazendo com que seja mais atrativo investir no setor privado, estimuland­o a economia.

Essa política, quando adotada, incentiva o consumo das empresas e das pessoas e por consequênc­ia aumenta a produção e gera novos empregos.

A decisão de quem investe

Pela nona vez seguida o governo baixa a taxa de juros básica (Seçoc). Em setembro de 2016 estava em 14,15% e agora está em 7,5% .

No entanto, a decisão de quem tem dinheiro em investir na compra de títulos públicos ou no setor privado não é tomada olhando esta taxa de juros que é chamada de juro nominal, mas sim a taxa de juro real.

Taxa de juro real

A taxa de juro real é aquela que aumenta seu poder de compra. Se uma quantidade de dinheiro comprava 10 unidades de um produto e agora compra 12 unidades deste mesmo produto, seu poder de compra cresceu 20%.

Por outro lado, se seu dinheiro aumentou em 20%, mas a inflação dos mesmos 20% nos preços, não houve qualquer aumento no poder de compra.

Então para saber qual é o juro real é preciso subtrair a taxa de inflação da taxa de juro nominal.

Este é o ponto

A despeito das seguidas reduções no valor nominal da taxa Selic, o valor do juro real não tem acompanhad­o esta mesma queda.

Como calcular a taxa real

Para calcular a taxa de juro real, utilizando a mesma metodologi­a adotada pelo BC, é preciso considerar a taxa de juro nominal em dado momento (Selic, por exemplo) e subtrair a taxa de inflação que ocorreu nos 12 meses seguintes.

É como se você tomasse um dinheiro emprestado hoje e fosse pagá-lo com juros daqui a 12 meses. A taxa de juros que você assumiu no momento do empréstimo menos a taxa de inflação dos 12 meses subsequent­es resultará na taxa de juro real.

Esta é uma taxa ex ante, ou seja, só se saberá qual o juro real depois de transcorri­do o período.

Juro real

Utilizando o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), fica claro que os juros praticados até aqui, não são estímulo para a economia.

Somente em dezembro, projetando uma inflação acumulada de 4,5% para 2018, e consideran­do que o BC reduza a Selic em mais 0,5 pontos, a taxa de juros real de nossa economia ficará próximo aos 3% ao ano.

As demais economias

A partir daí poderemos ter taxas de juros capazes de atrair o capital para investimen­to na produção.

No entanto, ainda teremos a terceira maior taxa de juros real do mundo, perdendo unicamente para a Turquia com 4,61% ao ano e para a Rússia com 4,10% ao ano.

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