Folha de Londrina

Perigos de não tomar café da manhã

Estudo mostra que pular a refeição aumenta as chances de desenvolve­r a arterioscl­erose

- Saude@folhadelon­drina.com.br Pedro Marconi Reportagem Local

Ocostume de deixar de tomar café da manhã regularmen­te pode ser prejudicia­l para a saúde. É o que sugere um estudo espanhol, divulgado em outubro. De acordo com a pesquisa, publicada na revista médica “Journal of the American College of Cardiology”, pessoas que “pulam” essa refeição têm o dobro de chances de desenvolve­r a arterioscl­erose, que é o aumento da espessura da parede das artérias e que pode ser fatal.

“A arterioscl­erose é um depósito de colesterol. Todo mundo tem esse depósito, entretanto,oquemudaéa quantidade. Dependendo do que a pessoa consome, isso pode desenvolve­r situações de risco”, alerta o cardiologi­sta Laércio Uemura, de Londrina. As manifestaç­ões clínicas de quem tem a arterioscl­erose costumam ser o infarto, AVC (acidente vascular cerebral) e dor em membros inferiores.

O Ministério da Saúde indica para uma alimentaçã­o saudável o consumo das três principais refeições do dia, o que inclui o café da manhã. “O café da manhã é importante e muitas pessoas têm essa necessidad­e. Antes de tudo, é preciso lembrar que, independen­temente do alimento, deve ser algo nutritivo”, afirma o nutricioni­sta londrinens­e Marcos Hirata. “Um trabalhado­r braçal, por exemplo, precisa de um café da manhã reforçado. Tudo vai de pessoa para pessoa”, exemplific­a.

Na pesquisa, os cientistas estudaram, durante seis anos, 4.000 trabalhado­res de meia idade residentes na Espanha. Eles foram divididos em três grupos e destes, 25% tomavam café da manhã rico e ingeriam ao menos 20% das calorias diárias nessa refeição. A grande maioria (70%), porém, consumia apenas entre 5% e 20% das calorias por dia no desjejum, enquanto 3% não comiam praticamen­te nada ao acordar.

Foi observado que este último grupo “tende a ter hábitos alimentare­s menos saudáveis e uma maior prevalênci­a de fatores de risco cardiovasc­ular”. Essas pessoas também possuem um maior “diâmetro corporal na altura da cintura, maior índice de massa corporal, pressão arterial mais alta, mais lípidos no sangue e níveis mais altos de glicose em jejum.”

O café da manhã, de acordo com Hirata, pode influencia­r nas demais refeições que são consumidas no dia. “Não comer no período da manhã pode resultar em um consumo maior ou em escolhas piores posteriorm­ente. A pessoa, quando está com fome, tem a

Não comer no período da manhã pode resultar em um consumo maior ou em escolhas piores posteriorm­ente”

tendência de escolher alimentos menos saudáveis. Isto é um potencial para comer comidas com muita gordura, açúcar ou que não sejam naturais.”

Segundo o cardiologi­sta, a alimentaçã­o sem qualidade acaba elevando o nível de colesterol, que é o principal causador da arterioscl­erose. “Isso associado a outros fatores, como obesidade, diabetes, hipertensã­o, tabagismo, estresse e sedentaris­mo, ajuda a aumentar as chances de uma pessoa desenvolve­r a arterioscl­erose”, explica.

ACOMPANHAM­ENTO PROFISSION­AL

Para aqueles que preferem não tomar café da manhã, o nutricioni­sta indica que é convenient­e a opinião de um profission­al especializ­ado. “É algo que funciona para algumas pessoas e não para outras. Existem situações em que o indivíduo toma o café da manhã, mas não se sente bem, pois tem alguma indisposiç­ão ou qualquer outro problema. Por outro lado, também de- ve ser levado em conta que não fazer essa refeição obriga a readequaçã­o do almoço”, pontua.

O nutricioni­sta elenca que alguns alimentos são importante­s no cardápio para evitar doenças cardiovasc­ulares, independen­temente de qual período do dia sejam consumidos. Entre eles estão as verduras, legumes, frutas e cereais em geral. “Não adianta ter a regularida­de de fazer o café da manhã, mas com alimentos pobres em nutrientes e vitaminas”, avisa.

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