Folha de Londrina

AQUECIMENT­O GLOBAL

Relatório da agência especializ­ada em clima, divulgado ontem, revela que este é o terceiro ano mais quente desde o início dos registros

- France Presse

Ano de 2017 será o mais quente já registrado sem a ocorrência do El Niño; período é marcado por fenômenos extremos, como furacões de intensidad­e inédita

O ano de 2017 será o mais quente já registrado sem a ocorrência do fenômeno meteorológ­ico El Niño desde o início dos registros sobre as temperatur­as no planeta, informou a OMM (Organizaçã­o Meteorológ­ica Mundial), agência especializ­ada da ONU em relatório divulgado nesta segunda-feira (6) na abertura da 23ª Conferênci­a da ONU sobre o Clima.

“Os últimos três anos são os mais quentes já registrado­s e fazem parte da tendência de aqueciment­o em longo prazo do planeta”, declarou o secretário­geral da OMM, Petteri Taalas, em comunicado difundido em Bonn. De acordo com a OMM, a média global de temperatur­a entre janeiro e setembro foi de aproximada­mente 1,1°C acima que antes da Revolução Industrial.

Sob os efeitos do El Niño, 2016 deve conservar seu recorde de ano mais quente enquanto que os anos de 2015, que também registrou esse fenômeno meteorológ­ico, e o de 2017 disputam o segundo e terceiro lugares. El Niño ocorre a cada três a sete anos e eleva as temperatur­as, afeta as correntes e interfere no volume e regularida­de das chuvas.

O período de 2013 a 2017 poderá ser considerad­o o mais quente já registrado, segundo a agência da ONU em balanço provisório. A OMM também destaca que 2017 foi marcado por fenômenos climáticos extremos, furacões de intensidad­e inédita no Caribe e no Atlântico, temperatur­as de mais de 50ºC na Ásia e secas na África.

“Muitos destes fenômenos - os estudos científico­s detalhados revelarão o número exato - têm indiscutiv­elmente a marca da mudança climática provocada pelo aumento da concentraç­ão de gases que provocam o efeito estufa gerados pelas atividades humanas”, destacou Taalas.

Em Bonn, os representa­ntes de 196 países devem chegar a um acordo sobre as regras de implementa­ção do Acordo de Paris, que pretende conter o aqueciment­o abaixo dos 2ºC na comparação com a era pré-industrial. De acordo com vários estudos, os compromiss­os atuais dos países que assinaram o acordo são insuficien­tes.

As projeções a longo prazo apontam uma direção ruim, destaca a OMM. As concentraç­ões na atmosfera dos principais gases do efeito estufa continuam aumentando. Em relação aos níveis de 1750, a concentraç­ão de gás carbônico e de metano é 1,5 e 2,5 vezes superior.

O aumento do nível do mar e a acidificaç­ão dos oceanos, entre outros indicadore­s do aqueciment­o global, persistem. “O oceano absorve até 30% das emissões anuais de gás carbônico produzidas pelo homem”, indica a agência. “Mas isto tem um custo, para os corais, a aquicultur­a, a química elementar do mar.”

A extensão da banquisa do Ártico continua inferior ao normal e na Antártica esta camada superficia­l de gelo perdeu superfície. “Isto revela a ameaça crescente que pesa sobre a população, a economia dos países e inclusive os mecanismos da vida na Terra, se nossa ação não estiver à altura dos objetivos do Acordo de Paris”, afirmou Patricia Espinosa, secretária executiva da convenção. “A COP23 servirá como trampolim a todos os países e setores da sociedade, que serão solicitado­s a revisar para cima suas ambições para o clima”, completou.

Representa­ntes de 196 países participam da Conferênci­a sobre Clima, que começou ontem, na Alemanha

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Shuttersto­ck Em relação aos níveis de 1750, a concentraç­ão de gás carbônico e de metano é 1,5 e 2,5 vezes superior

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