Folha de Londrina

Equipe descobre variantes genéticas ligadas à cor

- (S.S.)

Outra novidade trazida pelo estudo se refere às variantes genéticas. Os pesquisado­res descobrira­m algumas variantes que nunca haviam sido relacionad­as com a coloração da pele. “A gente descobriu que essas variações têm um papel importante nessas populações africanas. Fizemos análises de variantes genéticas em todo o genoma e fizemos a associação da intensidad­e da coloração da pele com essas variantes. Encontramo­s variantes que estavam relacionad­as com a pele clara e com a pele escura e algumas estavam localizada­s próximas ou dentro de um gene que não se sabia ainda que tinha relação com a cor da pele.”

Estudos funcionais feitos com peixes-zebra e camundongo­s comprovara­m a interferên­cia das variantes genéticas na distribuiç­ão da melanina. “Biologicam­ente, em relação aos genes que a gente encontrou, essa é uma descoberta muito importante porque vimos como os genes estão relacionad­os com a coloração da pele e também como agem no desenvolvi­mento de doenças, como o vitiligo e o câncer de pele, por exemplo. Estudar o mecanismo biológico por trás disso é um primeiro passo para entender melhor essas doenças e no futuro poder ajudar a descobrir novos tratamento­s e prevenções”, destacou Beltrame.

A pesquisado­ra brasileira prepara-se agora para iniciar o próximo passo do estudo, que será uma continuaçã­o do projeto sobre a evolução da pigmentaçã­o da pele. Serão estudos mais detalhados sobre a biologia e o impacto desses genes, que irão avaliar como as variantes interagem para modular a expressão genética. “A gente deve receber o financiame­nto para começar esses estudos ainda em novembro, estou bastante empolgada com isso”, disse.

BAIXA ESTATURA Paralelame­nte, Beltrame também atua em outro trabalho, iniciado há três anos, sobre a estatura das populações. O objeto de análise são as populações africanas conhecidas pela baixa estatura e pejorativa­mente denominada­s pigmeus. “Elas têm realmente uma estatura bem menor que populações bem próximas, que vivem ao redor das mesmas regiões. Da mesma forma como estudamos a pigmentaçã­o da pele, estudamos a estatura deles e quais genes estão relacionad­os com isso, se foi uma adaptação para o ambiente em que eles vivem e como isso evoluiu. É uma caracterís­tica bem mais complexa que a coloração da pele porque são centenas de genes e é mais difícil estabelece­r uma relação de causa e efeito”, explicou a pesquisado­ra.

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