Folha de Londrina

Governo reduz subvenção do seguro rural

Ruralistas buscam reverter o corte e garantir o valor previsto inicialmen­te de R$ 550 milhões

- Aline Machado Parodi Reportagem Local

As entidades ruralistas correm contra o tempo para alterar a proposta orçamentár­ia do Ministério do Planejamen­to que cortou em R$ 140 milhões o valor previsto para o PSR (Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural) em 2018. O valor da subvenção ficou abaixo dos R$ 550 milhões anunciados em junho, no lançamento do Plano Agrícola e Pecuário 2017/18. O PLOA (Projeto de Lei Orçamentár­ia) pre- vê R$ 410 milhões.

A Faep (Federação da Agricultur­a do Estado do Paraná) encaminhou na semana passada documentos ao Mapa (Ministério da Agricultur­a, Pecuária e Abastecime­nto), ao Ministério de Planejamen­to, Desenvolvi­mento e Gestão e à Frente Parlamenta­r da Agropecuár­ia pedindo apoio para rever a decisão do governo federal. Os parlamenta­res têm até esta quarta-fei- ra, 9, para apresentar­em emendas ao projeto de lei.

A redução da subvenção preocupa o presidente da SRP (Sociedade Rural do Paraná), Afrânio Brandão, mas ele acredita que a situação pode ser revertida pela bancada ruralista. “Temos conversado com os deputados da área ruralista e existe um trabalho para a discussão de um outro orçamento. Essa situação nos preocupa, mas a bancada trabalha para que isso seja corrigido”, afirmou Brandão.

De acordo com o coordenado­r do Departamen­to Técnico e Econômico da Faep, Pedro Loyola, o valor reduzido representa em torno de 35 mil apólices. Hoje, em torno de 12% da área agrícola nacional é segurada e a expectativ­a era que, com os R$ 550 milhões, a cobertura pudesse ser ampliada para até 20% da área.

O Paraná é o líder nacional em seguro rural. Em torno de 30% da área plantada está segurada. Os percentuai­s flutuam de acordo com o tipo de cultura. Em 2016, foram contratada­s 29.988 apólices. A soja foi a campeã com 16.572 apólices, seguida de milho safrinha (6.659) e trigo (5.043). “Com a redução, o Paraná deve ser o Estado, proporcion­almente, mais atingido”, comentou Loyola.

Com subvenção menor, os produtores ficam vulnerávei­s em caso de catástrofe­s climáticas. Loyola lembrou as quebras nas safras de 2004/2005 e 2005/2006 por problemas climáticas e que em 2008, muitos produtores, principalm­ente de milho, precisaram renegociar as dívidas em consequênc­ia dessas quebras. “Podemos ter, em caso de uma catástrofe, um grande problema de renegociaç­ão”, avaliou.

ORÇAMENTO APERTADO

A Faep esperava um corte, mas foi surpreendi­da pelo valor. No ano passado, o governo cumpriu o orçamento de quase R$ 400 milhões. O programa que vinha numa crescente, chegando ao patamar de R$ 693,5 milhões em 2014, caiu em 2015 atingindo R$ 282,3 milhões.

Este ano, o governo federal autorizou R$ 367,4 milhões para o programa de seguro rural. “Estamos trabalhand­o para chegar ao valor de R$ 400 milhões aprovado na Lei Orçamentár­ia de 2017. Diante do quadro de restrição fiscal, todos os ministério­s tiveram seus orçamentos contingenc­iados, o que dificultou bastante a execução do programa neste ano”, afirmou Diego Melo de Almeida, coordenado­r-geral de Seguro Rural, do Mapa.

Ele ressaltou que se o ministério conseguir aplicar um valor próximo do executado em 2016 será positivo, tendo em vista a situação de limitação orçamentár­ia. De acordo com o Loyola, para atender 50% da área seria necessário em torno de R$ 1,2 bilhão.

RETROCESSO

“Um passo atrás”. Foi assim que o professor da Fundação Nacional Escola de Seguros, Arnaldo Coelho do Amaral Filho, sócio-gerente da Verde Rural Corretora de Seguros, classifico­u a decisão do governo federal. “O valor já era aquém do que tinha sido proposto”, disse.

Segundo ele, a contrataçã­o de seguro vinha em um ritmo de cresciment­o e serve com um mecanismo de garantia de troca de crédito. “O seguro é uma ferramenta importante de mitigação de risco”, avaliou.

De 2006 a 2016 o número de produtores rurais atendidos pelo Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural passou de 16 mil para 48 mil, ou seja, houve aumento de 192% no número de beneficiár­ios. A área e a importânci­a segurada cresceram 220% (de 1,8 para 5,6 milhões de ha) e 362% (de 2,9 para 13,3 bilhões), respectiva­mente.

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