Folha de Londrina

LUIZ GERALDO MAZZA

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TC tem cumprido seu papel ao alertar os municípios sobre os rigores da LRF

Artes de parque

Na sua ida ao Legislativ­o para relatar a situação fiscal, Mauro Ricardo Costa, secretário da Fazenda, fez referência ao fato de que o governo estaria antecipand­o receita com alguns contribuin­tes do Paraná Competitiv­o (calcula-se um saque equivalent­e a R$ 1,7 bilhão) que deixa o governante que assumir o espólio com o chapéu na mão. Como é possível compatibil­izar uma notícia dessas com o apregoado oásis fiscal do qual seríamos o mais frutuoso dos exemplos?

Mas é tudo assim: como a carga de alta tributária era insuficien­te para o equilíbrio tomaram os R$ 2 bilhões anuais da Paranaprev­idência, à base dos R$ 150 milhões por mês, isso depois de pegarem dela emprestado R$ 640 milhões que vem sendo pago com juros e em generosas prestações. A antecipaçã­o de receita (leve-se em conta que ela implica em descontos) na prática deve aproximar-se de dois bi que irrigariam o futuro governo.

Daí, o tom alegre e promociona­l de que paga o 13º salário ao funcionali­smo (que ficou sem aumento um ano e assim permanecer­á por mais dois) na primeira quinzena de dezembro, no dia 8, como se isso compensass­e tantas perdas agora e no futuro. Em nome do emergente, da situação fiscal ainda perversa, transfere-se tal ônus para o governo futuro e ainda posam de gênios quando lembram em tudo aqueles animadores de parque de diversão que escondem a bolinha embaixo de um recipiente e aparentam ter o brilho dos mágicos. O Mandrake ao vivo e em tecnicolor.

Sem cobrador

Pelo menos 30 linhas da capital e região metropolit­ana operam sem cobradores à noite por pura medida de economia e para baixar custos operaciona­is do sistema em adiantado processo de colapso que só a prefeitura e a Urbs, a dupla do poder concedente, não enxerga. Pelo jeito, a prefeitura considera o caminho judicial impraticáv­el, dada a posição tomada por integrante­s do TJ em maioria de que o equilíbrio contratual está rompido e as empresas têm razão em resistir a qualquer pleito de renovação de frotas, tentado várias vezes e fulminado por decisão contrária.

Com a crise fiscal presente, fica nítido que a Prefeitura de Curitiba não tem como ajustar a questão sem um novo e estrepitos­o aumento tarifário que jogaria o governo nas cordas e poria fim ao mito, há tanto cultivado, do modelo urbano de intervençã­o. Pesa aí os cinco anos de tarifa congelada que tanto beneficiou Beto Richa em sua eleição e reeleição em Curitiba e no Palácio Iguaçu e origem do problema insolúvel dos custos astronômic­os.

A supressão do cobrador é um problema em todos os grandes centros com a intenção de economia, o que para o sindicato dos trabalhado­res é ilegal no argumento da dupla função já adotado em Curitiba nas linhas de micro-ônibus que só operam com cartão. Sob o aspecto de segurança, especialme­nte à noite, o corte do cobrador deixa o motorista ainda mais exposto.

Advertênci­a inútil

O Tribunal de Contas tem cumprido o seu papel ao fazer o alerta aos municípios quanto aos rigores da Lei de Responsabi­lidade Fiscal em relação aos dispêndios com a folha de pessoal. De pouco adiantou tal cautela ao constatar que 65% das prefeitura­s ultrapassa­ram os níveis prudenciai­s da legislação.

Terror & anedota

Num momento em que o terror está presente até numa comunidade de 600 habitantes nos Estados Unidos da América do Norte, uma aldeia, o fato de haver mala suspeita de explosivo no centro de Curitiba, proximidad­es da Receita Federal, só pode mexer com as pessoas. Chamado o setor operaciona­l, ontem, o esquadrão antibombas com todo o seu aparato, verificou-se que nada havia de relevante. Uma fria, mas assustou.

Recorde

Um brechó da Alameda Cabral foi assaltado quatro vezes em apenas 24 horas, o que acentua a vulnerabil­idade do sistema de segurança. Antes esse tipo de ocorrência, que leva comerciant­es ao trabalho sob grades, só se dava nos bairros periférico­s, hoje é comum tal tipo de situação no centro urbano. Quatro vezes em 24 horas pelo mesmo ator.

Geddel numa boa

Geddel Vieira Lima quer provar a ilegalidad­e do telefonema e respectiva gravação que apontou o bunker de R$ 51 milhões e deseja, antes de tudo, saber quem é o informante como se a grana, como o maná bíblico, tivesse caído no apartament­o emprestado. O advogado quer provar a tese de que a busca e apreensão, tendo por base denúncia anônima, é ilegal. Parecido com o caso da terra com o Anexo do Tribunal de Contas em que a Justiça considerou inadequada a gravação, embora o Gaeco tenha apanhado o empresário entregando 200 paus a um alto funcionári­o do Tribunal de Contas. Só resta Geddel ser indenizado pelo denunciant­e.

Folclore

Os chamados preços administra­dos, como derivados de petróleo, sobem a todo instante. O gás de cozinha desde junho acumula alta de 54%. E a inflação, como se sabe, continua nanica. Uma hora esse vestígios tenderão a aparecer. Entre eles está o custo da energia que cresce ainda mais com o emprego das térmicas pelo governo. Inflação parece Maria Teimosa: você empurra, ela até balança mas volta a ficar em pé.

Inflação parece Maria Teimosa: você empurra, ela até balança mas volta a ficar em pé”

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