Folha de Londrina

LUIZ GERALDO MAZZA

Juiz da Lava Jato nega pedido de suspeição da defesa do ex-presidente no processo que trata de reformas no sítio de Atibaia

- Ana Luiza Albuquerqu­e Folhapress

Moro marcou para fevereiro de 2018 a audiência de Lula no episódio do sítio de Atibaia.

O juiz Sérgio Moro afirmou em despacho assinado nessa terça-feira (7) que questionam­entos sobre sua imparciali­dade são “lamentávei­s”. Ele negou pedido de exceção de suspeição da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como parte do processo que trata de reformas no sítio de Atibaia (SP). Com o pedido, a defesa afirmava que Moro não estaria apto a julgar o caso. Requerimen­tos anteriores, em outras ações, já haviam sido negados pelo juiz e confirmado­s na segunda instância.

“Os questionam­entos sobre a imparciali­dade deste julgador constituem mero diversioni­smo e, embora sejam compreensí­veis como estratégia da defesa, não deixam de ser lamentávei­s já que não encontram qualquer base fática e também não têm base em argumentos minimament­e consistent­es, como já decidido, inclusive, por reiteradas vezes pelo Egrégio Tribunal Regional Federal da 4ª Região”, diz Moro.

Segundo a denúncia, o expresiden­te se beneficiou de R$ 1,02 milhão em benfeitori­as no imóvel, que era frequentad­o por Lula e seus familiares. As reformas teriam sido pagas pelas empreiteir­as Odebrecht e OAS.

Os valores usados nas reformas teriam vindo de contratos das empreiteir­as na Petrobras e repassados como vantagem ilícita ao ex-presidente.

Curitiba -

Também nessa terça (7), o juiz assinou outro despacho respondend­o as defesas prévias dos acusados. No documento, Moro sustenta que não há na denúncia a afirmação de que os recursos provenient­es dos contratos da Petrobras com a Odebrecht ou com a OAS foram utilizados diretament­e para as reformas do sítio.

“O que a denúncia afirma é que, nesses contratos, havia acertos de propinas, que compunham um caixa geral de propinas do Partido dos Trabalhado­res com o grupo Odebrecht e com o grupo OAS, sendo que parte delas foi utilizada para as reformas do sítio em Atibaia”, diz o texto.

A passagem é uma resposta a um argumento frequentem­ente utilizado pela defesa de Lula. Os advogados afirmam que não foram provados vínculos de desvios em contratos da Petrobras que tenham beneficiad­o o expresiden­te, fato que, para a defesa, seria essencial para a condenação.

No despacho, Moro diz que “os crimes de corrupção e de lavagem se configurar­iam, em princípio, quer os recursos tivessem ou não origem direta nos contratos”.

O juiz pediu ao Ministério Público que esclareça em cinco dias se há documentos ou lançamento­s na contabilid­ade de propina da Odebrecht que dizem respeito às reformas no sítio e que, caso positivo, seja produzida a documentaç­ão.

O pedido veio após requerimen­to da defesa de Lula para ter acesso ao sistema de contabilid­ade paralela da empreiteir­a, já que a acusação afirma que os valores da reforma são de lá provenient­es.

No mesmo documento, Moro agenda para fevereiro de 2018 a oitiva de testemunha­s de acusação, solicitada­s pela Força Tarefa da Lava Jato.

No dia 5 de fevereiro, as oitivas começam com os depoimento­s do ex-gerente da Petrobras Eduardo Costa Vaz Musa e dos publicitár­ios Mônica Moura e João Santana.

O juiz questiona, ainda, o pedido da defesa de Lula para arrolar 59 testemunha­s de defesa, argumentan­do que boa parte já foi ouvida em ações penais conexas. foi escolhido pela força-tarefa da Lava Jato “para processar a ação sem que haja qualquer vínculo efetivo do caso com supostos desvios em contratos da Petrobras”.

Os advogados ressaltam que “o Supremo Tribunal Federal já decidiu que para definir a competênci­a da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba é necessária a demonstraç­ão clara de vínculos reais com desvios em contratos da Petrobras”.

Segundo a defesa, o vínculo não se verifica no caso concreto, “como admitido pelo próprio juiz”.

Além disso, os advogados criticam o indeferime­ntos de “todas as provas periciais requeridas pela defesa” e afirmam que “a garantia da ampla defesa está sendo desprezada”.

“O ex-presidente Lula não praticou qualquer crime antes, durante ou depois do exercício do cargo de Presidente da República. O julgamento realizado por órgão imparcial e independen­te irá reconhecer sua inocência.”

AÇÃO PROSSEGUE

Os leilões dos imóveis do doleiro Alberto Youssef, delator da Operação Lava Jato, levaram a uma arrecadaçã­o OUTRO LADO Em nota, a defesa do expresiden­te afirma que Moro

As partes ideais do Hotel San Diego de Aparecida renderam cerca de R$ 8,4 milhões. Já o Connect Smart Hotel conquistou aproximada­mente R$ 450 mil.

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Filipe Azevedo/Fotos Públicas Theo Marques/29/07/2015 “Os questionam­entos sobre a imparciali­dade deste julgador constituem mero diversioni­smo e não deixam de ser lamentávei­s”, afirmou Sérgio Moro à defesa de Lula
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