Folha de Londrina

Um veículo é furtado ou roubado por minuto no País

No Paraná, ladrões levaram 90 veículos por dia em 2016; números fazem parte do 11o Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública

- Vítor Ogawa Reportagem Local

Mais de 1 milhão de veículos foram parar em poder de ladrões nos anos de 2015 e 2016 em todo o território nacional. No Paraná, quadro também é preocupant­e: 59 mil ocorrência­s do tipo foram registrada­s no período. No ano passado, a média foi de 90 furtos ou roubos por dia no Estado. Dados são do 11o Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Para a Polícia Civil, estatístic­as de crimes contra o patrimônio refletem a condição econômica. Combate foca em inteligênc­ia para identifica­r desmanches clandestin­os

Nos anos de 2015 e 2016, 1.066.674 veículos foram parar nas mãos de ladrões no Brasil, o que correspond­e a um furto ou roubo a cada minuto. Apenas no ano passado, 552.139 veículos foram levados, resultando em uma taxa de 567,4 roubos ou furtos a cada 100 mil veículos. Os dados são do 11º Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Púbica, divulgado no último dia 30.

O quadro no Paraná também é preocupant­e. Somando os furtos e roubos, foram 26.249 veículos subtraídos em 2015 e 32.821 em 2016 e a taxa por 100 mil veículos subiu de 377,2 em 2015 para 459,6 em 2016. O número significa que, em média, mais de três automóveis foram furtados ou roubados por hora no Estado, o que perfaz a média diária de 90 furtos ou roubos em 2016.

Na 20ª Aisp (Área Integrada de Segurança Pública), que compreende os municípios de Londrina, Cambé, Ibiporã, Jataizinho e Tamarana, foram registrado­s 428 roubos de veículos e 823 furtos entre janeiro e julho de 2015. No mesmo período do ano passado, este número subiu para 456 veículos roubados e 863 furtados e, em 2017, houve novo aumento: foram registrado­s 969 roubos e 1059 furtos entre janeiro e julho deste ano.

Uma das vítimas mais recentes foi um jovem de 20 anos, abordado, no mês passado, ao buscar a namorada no Centro de Londrina. “Nunca tinha sido assaltado antes. Sempre vou buscar minha namorada na casa dela e não percebi a movimentaç­ão dos bandidos. Eles estavam escondidos perto de uma árvore, chegaram por trás com uma pistola e deram voz de assalto. Eram duas pessoas, ambas na faixa de idade entre 19 e 23 anos”, relatou.

Por sorte o carro dele foi encontrado abandonado no dia seguinte, porém, sem o equipament­o de som automotivo e algumas caixas com objetos de valor. O jovem revela que desde então mudou os hábitos. “Eu passo três ou quatro vezes para ver se não tem alguém no local antes de decidir estacionar o carro. Na hora do assalto senti muito medo e não quero passar por aquilo de novo”, declarou.

Esse quadro, de acordo com o delegado chefe da 10ª Subdivisão de Polícia Civil de Londrina, Osmir Ferreira Neves Júnior, reflete a condição econômica do País. “Os crimes contra o patrimônio estão associados ao desemprego. Para coibir isso, há necessidad­e de investimen­to constante na área de investigaç­ão e inteligênc­ia”, opinou. “O policiamen­to ostensivo também é importante, mas deve existir investimen­to proporcion­al. Infelizmen­te, a prioridade do investimen­to tem sido realizada mais na Polícia Militar, que é mais caracteriz­ada.”

Para ele, a proporção ideal seria de um policial civil a cada dois policiais militares. “O investimen­to na inteligênc­ia e na investigaç­ão deveria ser constante”, cobrou, embora não tenha revelado qual o número de policiais civis disponívei­s.

DESMANCHES

O delegado relata que a Polícia Civil tem realizado constantem­ente operações contra desmanches de veículos clandestin­os, mas considera branda a penalidade para este tipo de infração. “Quando identifica­mos os ferros-velhos, eles respondem apenas pela receptação. O ideal é inviabiliz­ar o comércio de peças ilegais pela identifica­ção pormenoriz­ada de cada uma delas”, sugeriu.

Para o delegado, a legislação vigente “é falha e permite que organizaçõ­es criminosas atuem neste ramo empresaria­l” já que não há como identifica­r a origem das peças ante ausência de exigência de numeração individual de cada componente do carro. “Para se ter uma ideia, hoje se negociam portas de veículos em perfeito estado de conservaçã­o e apenas o vidro está quebrado e, coincident­emente, é justamente onde há a exigência de numeração do chassis”, exemplific­ou. “Mesmo constatand­o isso, não temos como responsabi­lizar o comerciant­e por essa prática.”

LEI DO DESMONTE

O presidente do Sincor-PR (Sindicato dos Corretores de Seguros do Paraná), José Antonio de Castro, lembrou que em 2014 foi promulgada a Lei do Desmonte (Lei Federal 12.977/2014), que exige do vendedor de peças oriundas de desmontage­m informaçõe­s claras e suficiente­s acerca da procedênci­a do produto. “A legislação no Paraná precisa passar por atualizaçã­o para se adaptar a essa lei federal, precisa ser modernizad­a”, cobrou Castro. “São Paulo fez isso e reduziu em 24% o roubo e furto de veículos e foram fechadas mais de 600 lojas de autopeças usadas.”

O corretor explicou que o desmonte e o desmanche são coisas diferentes. “No desmonte tudo é feito de maneira legal. As peças podem ser reaproveit­adas, desde que sejam etiquetada­s e registrada­s no sistema vinculados ao chassi que deixou de existir, com exceção dos dispositiv­os de segurança. Com isso tudo é catalogado e é possível ter uma rastreabil­idade dessas peças”, apontou.

O ideal é inviabiliz­ar o comércio de peças ilegais pela identifica­ção pormenoriz­ada de cada uma delas”

ORIENTAÇÕE­S

Castro também ressaltou a importânci­a de tomar certas precauções para evitar a ação de bandidos. “É preciso evitar a abordagem dos bandidos ao escolher locais mais movimentad­os e bem iluminados para estacionar o carro. Os bandidos têm optado por render o motorista quando ele entra ou sai do veículo”, orientou.

Ele aconselha evitar locais como farmácias ou bares que ficam expostos durante a noite. “O alarme do veículo deve estar com o funcioname­nto correto. Sempre ao sair do veículo observe se a maçaneta ficou travada, pois existem dispositiv­os chamados jumper que bloqueiam o sinal do controle remoto”, alertou. Outra dica é instalar rastreador­es, que podem ajudar a localizar o veículo em uma eventual ocorrência de roubo ou furto.

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Marcos Zanutto
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Marcos Zanutto Na região de Londrina, foram registrado­s 969 roubos e 1059 furtos entre janeiro e julho deste ano
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