Folha de Londrina

AVENIDA PARANÁ

O homem não consegue amar se não for capaz de escolher amar.

- Vítor Ogawa Reportagem Local

Um refrão da música “Pelas ruas que andei”, de Alceu Valença, diz “Pelas ruas que andei, procurei/Procurei, procurei te encontrar”. Embora não seja ambientada no Norte do Paraná e infira sobre a procura por uma pessoa, os versos poderiam muito bem se referir à dificuldad­e para localizar determinad­os endereços em Londrina em função dos vários nomes que uma mesma via pode ter ao longo de sua extensão. O caso mais célebre é a avenida Leste-Oeste, que não tem esse nome oficialmen­te. Ao longo dos 11 quilômetro­s, ela pode ser conhecida como avenida Theodoro Victorelli, rua Jacobe Bartolomeu Minatti, avenida Dom Geraldo Fernandes, rua Abélio Benatti e parte da avenida Luigi Amorese. Na zona norte, um exemplo é a avenida Rio Branco, que passa a ser Winston Churchill e depois Francisco Gabriel Arruda. A reportagem contabiliz­ou pelo menos 100 vias na cidade que se enquadram nessa situação, recebendo de dois a cinco nomes.

Na região central, são exemplos a rua Pernambuco, que, ao cruzar a Leste-oeste, recebe o nome de rua Guaporé; a rua Ouro Preto, que também ao cruzar a Leste-oeste é chamada de rua Minas Gerais, e na rotatória do edifício Júlio Fuganti se transforma em Rua Senador Souza Naves. A rua Professor João Cândido também muda de nome e se torna rua Bahia. Nesses casos cabe uma observação histórica que no lugar da Leste-Oeste havia uma linha férrea que dividia a cidade e, consequent­emente, havia uma ruptura física da continuida­de da via.

Por serem vias antigas, quem é da cidade tem poucas dificuldad­es para localizar endereços nessas vias, mas a questão é que o planejamen­to de Londrina daqui para frente deve prever como elas serão interligad­as. O absurdo é tão grande que uma via com apenas duas quadras chega a ter dois nomes, como acontece na rua Aparecido de Morais e rua Ramiro de Aguiar Novaes (zona norte).

Outro exemplo de como essa nominação de vias foi mal planejada acontece entre a rua Orivaldo Fróis Mota, no Jardim Barcelona, e a rua Manuel Pascual Agudo, no jardim Nova Olinda, na zona norte. Ambas ficam na mesma reta. Cléber Henrique de Oliveira trabalha com remoção de enxames de abelhas e relata que sua mãe reside na Manuel Pascual Agudo. Ele conta que há dez anos as duas vias eram separadas por um pasto e por isso receberam nomes diferentes. “Eles unificaram a rua quando construíra­m um conjunto de prédios residencia­is por lá”, explica, garantindo que os dois nomes nunca causaram confusão entre os moradores da região. “Eu cresci lá e até hoje eu nunca vi ninguém perguntar onde era uma rua e onde era a outra.”

Ao percorrer uma via com vários nomes a sensação que se tem é que elas foram nominadas sem que houvesse cuidado algum. É o caso da avenida Lucílio de Held, na zona norte, que parte do autódromo até a rua Sidrak Silva Filho, depois se transforma em avenida Aracy Soares Santos até a UBS do Jardim Santiago (zona oeste) e posteriorm­ente recebe o nome de avenida Jules Verne até o Parque Industrial Nishi 1. A numeração dos imóveis que segue crescente sentido leste – oeste na Lucílio de Held torna-se decrescent­e nesse mesmo sentido quando a via muda de nome para Aracy Soares Santos e volta a ser novamente crescente quando chega na Jules verne.

ENTREGAS

O posto de combustíve­is de Carlos Moraes fica no fim da Lucílio de Held, no número 1.293, e na esquina seguinte fica o número 880 da avenida Aracy Soares Santos. “Se tivesse o mesmo nome e a numeração seguida seria muito mais fácil. Os entregador­es volta e meia entregam correspond­ências que não são daqui. Quando é aqui pertinho, nós levamos. Quando não, esperamos o carteiro e devolvemos essas correspond­ências”, destaca Moraes.

A profission­al de Educação Física Gabriela Montezini, que trabalha na Aracy Soares Santos, ressalta que essa diversidad­e de nomes atrapalha até os aplicativo­s como o Uber. “A gente coloca a numeração certa, mas no aplicativo esse endereço cai em outro lugar. Deveriam pelo menos arrumar a numeração para não ficar essa bagunça. Os entregador­es ficam perdidos.”

Talvez não os mais veteranos. Kléber Marciano Leite, que trabalha em uma empresa de entregas, relata que já possui bastante experiênci­a e por isso não enfrenta tantas dificuldad­es, mas o maior problema é durante a noite. “A avenida das Torres (zona norte), por exemplo, possui vários nomes: rua Otávio Clivati, avenida Alexandre Santoro e avenida Café Rubiácea. Mas de noite, a numeração muda conforme há a diferencia­ção do nome da rua e fica difícil de enxergar onde fica um ou outro. Quem é novato sofre muito.” (Leia mais na pág.3)

Confira a lista de algumas vias com mais de um nome, utilizando aplicativo capaz de ler QR code e posicionan­do no código abaixo:

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Winston Churchill: uma das principais vias da zona norte começa como Rio Branco e termina como Francisco Gabriel Arruda

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