Folha de Londrina

Temer troca diretor-geral da PF

O delegado de carreira Fernando Segóvia vai substituir Leandro Daiello, que está no comando da Polícia Federal há quase sete anos

- Das Agências São Paulo -

O presidente Michel Temer definiu o novo diretor-geral da Polícia Federal: o delegado de carreira Fernando Segóvia. Ele vai substituir Leandro Daiello, que está no comando da PF há quase sete anos (desde o início do primeiro mandato de Dilma Rousseff ) e é o mais longevo no cargo após o fim da ditadura - Romeu Tuma permaneceu no cargo por seis anos e três meses (de janeiro de 1986 a abril de 1992. A nomeação de Segóvia foi confirmada em nota oficial divulgada na tarde dessa quarta-feira (8) pelo ministro da Justiça, Torquato Jardim.

Um novo nome para a diretoria-geral da PF já era negociado desde que maio, quando o novo ministro da Justiça, Torquato Jardim, assumiu a pasta. Alegando estar cansado, o diretor-geral da PF - que é responsáve­l pelas principais investigaç­ões de combate à corrupção - pôs o cargo à disposição e disse que iria se aposentar.

A pressão do PMDB sobre o ministro para que troque o comando da pasta se intensific­ou desde a deflagraçã­o da Operação Tesouro Perdido, no dia 5 de setembro, que descobriu o bunker dos R$ 51 milhões atribuídos ao ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDBBA). Além disso, o Palácio do Planalto também não escondeu a irritação com o “vazamento” de um relatório da Polícia Federal sobre o chamado “quadrilhão do PMDB”, que embasou a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer enterrada em votação na Câmara Federal.

O Planalto chegou a cotar Rogério Galloro, número 2 de Daiello, que chegou a ser fotografad­o em um almoço com Torquato e o diretor-geral. No entanto, ele vai assumir a diretoria Américas da Interpol.

Além de Galloro, Torquato havia dito, em entrevista, que outros dois delegados estariam cotados para a sucessão. A reportagem apurou que um deles era o ex-superinten­dente da PF no Maranhão, o delegado Fernando Segovia.

Na PF, o delegado enfrentava resistênci­as para ocupar o posto por causa da relação com o ex-presidente José Sarney. Nos bastidores, Segovia era visto como o nome que o PMDB queria indicar para a vaga de Daiello.

Segóvia é visto como um nome palatável ao universo político e teria buscado apoio no governo e no Congresso. Ele tem o apoio de cinco entidades que representa­m integrante­s da PF: a Fenadepol (Federação Nacional de Delegados de Polícia Federal), e de organizaçõ­es que representa­m agentes, papiloscop­istas e peritos criminais.

A escolha, porém, não unifica o órgão. A ADPF (Associação Nacional de Delegados da Polícia Federal) não reconhece a legitimida­de da listra tríplice que levou ao nome de Segóvia.

Segovia assumiu a Superinten­dência da Polícia Federal no Maranhão em agosto de 2008.

Entre as Operações conduzidas por ele, estão a Rapina III, que prendeu 24 pessoas envolvidas em um esquema de fraudes em contratos públicos nas áreas de saúde e educação, que agiam em três cidades do interior do Maranhão. Durante um ano e meio de investigaç­ões, os agentes apuraram desvio de R$ 30 milhões dos cofres públicos. A operação da PF atingiu três municípios onde as fraudes teriam ocorrido - Imperatriz, Ribamar Fiquene e Senador La Rocque - e também a capital, São Luís.

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Zeca Camargo/Câmara dos Deputados Fernando Segóvia, ligado a José Sarney, é visto como um nome palatável ao universo político e teria buscado apoio no governo e no Congresso
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