Para pesquisadora, investigação é o caminho
Pesquisadora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Roberta Astolfi destaca que houve aumento da criminalidade na maior parte dos Estados e em quase todas as categorias. “Há um aumento generalizado, mas há Estados logrando êxito com políticas melhores contra furtos e roubos de veículos. Em geral, são aqueles que estão trabalhando com redes de distribuição do mercado de autopeças”, avaliou.
Astolfi, que é mestre em Ciências Políticas pela USP (Universidade de São Paulo), apontou como exemplo o modelo adotado em São Paulo, que tem aplicado uma lei de controle e catalogação de peças usadas com rastreabilidade da origem. “Pode não ser suficiente, mas depois de implementada, de alguma forma, ela quebrou a cadeia de distribuição de peças furtadas ou roubadas com um nível baixo de enfrentamento e uso de violência. Essa solução é mais eficiente para os policiais, que deixam de correr riscos lidando com esses casos e também para a população, já que o enfrentamento acaba ocorrendo em locais públicos.”
A legislação paulista implica mais fiscalização e regulação das lojas de autopeças. “É uma atuação mais administrativa do que policial, exercida por órgãos de fiscalização”, acrescentou.
Para combater isso, além do controle de origem, catalogação e rastreabilidade das peças, é preciso investir em trabalho de inteligência contra as quadrilhas. “O trabalho de investigação deve ser muito maior que o de flagrante, já que há um volume muito grande de distribuidores para atacar. Investindo em inteligência exige-se menos recursos e gera menos violência.”
A pesquisadora esperava que o número de furtos de veículos estivesse em um nível bem maior do que o de roubos. No entanto, os dados coletados pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública apontam que os números estão bem próximos, ainda que a quantidade de furtos seja ligeiramente maior. “O roubo não é apenas um crime contra o patrimônio, mas uma ação que implica violência séria, pois geralmente a abordagem é realizada com arma de fogo e com grave ameaça para a vítima”, finalizou.