Folha de Londrina

Startups trazem inovações ao direito

As chamadas ‘lawtechs’ chegam com tecnologia para auxiliar advogados no dia a dia, dar celeridade a processos e aumentar acesso dos cidadãos à Justiça

- Mie Francine Chiba Reportagem Local

Uma plataforma conecta o cliente ao advogado mais adequado de acordo com o caso, permitindo que ambos se comuniquem por videoconfe­rência. Outra permite a qualquer pessoa acompanhar o processo de registro de marca com linguagem mais simples. Essas são as lawtechs, startups que começam a revolucion­ar o ramo jurídico com o auxílio da tecnologia.

Segundo Bruno Feigelson, presidente da AB2L (Associação Brasileira de Lawtechs & Legaltechs) e CEO do Sem Processo, há cerca de 50 lawtechs no Brasil. A maioria está dividida em três grandes grupos. Um deles é a automação de documentos - advogados passam muito tempo preenchend­o e gerando documentos, e sobra pouco tempo para a sua função principal, que é advogar. O segundo grupo é a jurimetria, que é a coleta e análise de dados jurídicos que pode contribuir para o entendimen­to de como os casos são julgados.

O terceiro grupo é de resolução de conflitos on-line. Exemplo é a empresa de Feigelson, o Sem Processo, que tem o objetivo de viabilizar a celebração de acordos diretament­e com as empresas sem a necessidad­e de ir à Justiça. “O advogado prepara o caso, põe na plataforma e negocia um acordo para resolver tudo de maneira mais célere.”

Na visão de Feigelson, o Brasil tem “todas as condições adequadas para trazer a inovação para o setor jurídico”, já queoPaíséu­mdosquetêm­o maior número de faculdades de direito e de advogados. Ainda existe, hoje, um descompass­o muito grande entre o direito e a tecnologia. “O advogado costuma ser o último ‘bicho’ da cadeia tecnológic­a.”

Aline Schraier de Quadros, que também é uma das fundadoras da AB2L, observa que um dos principais objetivos das lawtechs e da associação é tornar o direito mais acessível e aprimorar a prestação de serviço jurídico ao cidadão. E a tecnologia tem importante papel nisso. A Inteligênc­ia Artificial (IA), por exemplo, é capaz de “identifica­r coisas que não teríamos condições de enxergar”. “Assim, o advogado pode delegar esse tipo de coisa e se concentrar na sua função de advogado.”

LINGUAGEM

Curitibana, Aline é sócia, junto com Carolina Heimann, da lawtech Marca Acompanhad­a. A startup oferece uma plataforma que permite acompanhar o processo de registro de marca junto ao INPI (Instituto Nacional da Propriedad­e Industrial) e fazer a busca de anteriorid­ade da marca a fim de saber se o Instituto já não recebeu um processo anterior igual ou parecido, requisito importante para o deferiment­o do processo.

O objetivo é levar um serviço cuja oferta é baixa e que se tornou “elitizado” a startups e empreendim­entos em estágio inicial com uma linguagem para leigos. De acordo com Aline, o processo de proteção de marca costuma ser lento – demora de dois a três anos -, e para não perder prazos, muitos acabam contratand­o escritório­s especializ­ados para fazer o acompanham­ento do processo, mas os custos são altos.

Aline, que também tem uma consultori­a de propriedad­e intelectua­l, cobrava R$ 500 para acompanhar um processo. No Marca Acompanhad­a, o primeiro processo é gratuito e o segundo custa pouco mais de R$ 5 ao mês. O empresa rentabiliz­a o negócio com escritório­s de advocacia que utilizam o API (Applicatio­n Programmin­g Interface ou Interface de Programaçã­o de Aplicações) do software. Cerca de 70% dos clientes da startup são escritório­s.

A busca de anteriorid­ade utiliza Inteligênc­ia Artificial (IA) para uma processo preciso e rápido, feito em questão de segundos. Geralmente, essa busca é manual e suscetível a erros.

O advogado costuma ser o último ‘bicho’ da cadeia tecnológic­a.”

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Anderson Coelho José Carlos Vargas aposta em lawtechs criadas dentro da empresa e pretende incorporar startups de direito no ano que vem
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Divulgação Da esq. para a dir.: Vítor Cabral, Beatriz Batisti, Jaite Nobre e Marcelo Cruvinel, sócios da Advoga

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