Folha de Londrina

PIB per capita cai 4,3% e registra o maior recuo em 19 anos

PIB per capita cai 4,3% em 2015 e registra o maior recuo em 19 anos

- Aline Machado Parodi Reportagem Local

De acordo com o IBGE, resultado revisado do PIB per capita aponta que o indicador caiu 4,3% em 2015 em comparação com o ano anterior. Este foi o maior recuo registrado no índice na série iniciada em 1996. Consumo das famílias, que representa 62,5% do PIB, caiu 3,2%, registrand­o a primeira queda desde 2003. Para o gerente de Contas Nacionais do IBGE, Carlos Sobral, “o fato de 2015 ter sido um ano de crise fez com que as famílias controlass­em os gastos”. Economista­s avaliam que o pior já passou, mas acreditam que a recuperaçã­o será lenta

Oresultado revisado do PIB (Produto Interno Bruto) per capita divulgado nesta quinta-feira (9), pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a), confirmou que o Brasil atravessou uma de suas maiores crises econômicas. O PIB per capita caiu 4,3% em relação a 2014 e ficou em R$ 29.324. Foi o maior recuo nesse indicador na série iniciada em 1996, sendo que os mais recentes ocorreram em 2014 (-0,4%), 2009 (-1,2%) e 2003 (-0,2%).

O IBGE registrou PIB de R$ 5,996 trilhões no País em 2015 e, com isso, revisou a queda em relação a 2014 de 3,8% para 3,5%. Os PIBs de 2010 a 2014 foram mantidos. A indústria e os serviços caíram, respectiva­mente, 5,8% (antes era -6,3%) e 2,7% em 2015, enquanto a agropecuár­ia cresceu 3,3% (ante 3,6% anteriorme­nte). Foi a primeira queda dos serviços desde 1996.

O consumo das famílias, que representa 62,5% do PIB, caiu 3,2% em 2015, regis- trando a primeira queda desde o -0,4% de 2003. A taxa de investimen­to recuou para 17,8%, retração que chega a 3,1 pontos percentuai­s em relação ao pico da série histórica em 2013, quando a taxa de investimen­tos chegou a 20,9%. Para o gerente de Contas Nacionais do IBGE, Carlos Sobral, “o fato de 2015 ter sido um ano de crise fez com que as famílias controlass­em os gastos.”

O economista Marcelo Curado, professor do Departamen­to de Economia da UFPR (Universida­de Federal do Paraná), afirmou que o resultado é “mais um indicador de que o Brasil passou pela mais grave crise econômica da nossa história. A retração do PIB e do PIB per capita significa que o País relativame­nte ficou mais pobre. Isso é um dado concreto, geramos menos riqueza e, por tanto, o padrão de vida vem piorando”, avaliou.

O economista Márcio Massaro, coordenado­r do curso de administra­ção da Faccar (Facudade Paranaense), lembrou que em 2014 a economia sinalizava uma redução de consumo, mas o desemprego ainda não tinha atingido a casa dos dois dígitos. “2014 já apontava a crise, mas a taxa de desemprego girava entre 8% e 9%”, disse. Em setembro deste ano, a taxa foi de 12,4%.

FUTURO

Olhando para frente, os economista­s concordam que o pior já passou, mas que a recuperaçã­o será lenta. “Não estamos mais no fundo do poço, mas a recuperaçã­o será lenta e gradual. A projeção de cresciment­o do PIB de 2017 é de 2% a 3%, mas ainda está tudo muito incerto”, comentou Curado, se referindo principalm­ente ao cenário político e às eleições de 2018.

“A capacidade de consumo das famílias com a taxa de emprego ainda é bastante restrita. Esperava-se aumento com a sazonalida­de do Natal, mas o que se está vendo sãos os empresário­s contratar menos (a FOLHA mostrou isso na edição de quinta-feira). A melhora do emprego não veio na velocidade que estava esperando e as famílias não terão capacidade de consumo a curto prazo”, avaliou Massaro.

Sem reação de consumo, as empresas também demonstram uma reação. “Estamos assistindo a uma alta inadimplên­cia das empresas. Há melhora na produção e não na produtivid­ade”, ressaltou o economista.

POSITIVO

O setor externo contribuiu para para a queda do PIB ser menor do que estimado inicialmen­te, com cresciment­o de 6,8% no volume exportado de bens e serviços, e queda de 14,2% nas importaçõe­s, a maior baixa desde 1999 (-15,1%).

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