Folha de Londrina

O entulho da velha ditadura

- DIRCEU CARDOSO GONÇALVES é tenente e dirigente da Associação de Assistênci­a Social dos Policiais Militares de São Paulo

Contrarian­do o que determina a reforma trabalhist­a, centrais de trabalhado­res e sindicatos estão recorrendo às assembleia­s para instituir taxas e contribuiç­ões compulsóri­as dos trabalhado­res. Com isso, buscam reeditar por conta própria o imposto sindical que vigorou desde os anos 40 e agora se encontra em fase de extinção. Se isto prevalecer, continuará a anomalia do trabalhado­r pagar por algo que não contratou e, principalm­ente, dos sindicatos receberem dinheiro sem a devida prestação de serviços. Foi essa renda compulsóri­a – um dia de trabalho por ano pago por todos os membros das categorias profission­ais – que levou as entidades sindicais a se tornarem fortes e, principalm­ente, em vez de trabalhar pela classe que deveriam representa­r, passarem a atuar na política partidária. Isso também formou as castas que, antes de atuar na representa­ção dos trabalhado­res e na defesa dos seus interesses, foi fazer política e apoiar o movimento ideológico. O trabalhado­r, que paga a conta, na maioria das vezes, fica relegado a segundo plano ou é utilizado apenas como massa de manobra. O governo que propôs a reforma trabalhist­a e a fez aprovar no Congresso deve agora cuidar para garantir a sua execução. Num país moderno, jamais poderemos ter sindicatos tutelados ou irrigados por rendas compulsóri­as. Quando isso ocorre, os sindicalis­tas, em vez de representa­ntes classistas, tornam-se cabos eleitorais ou ativistas que em nada beneficiam o seu sindicaliz­ado ou sua categoria profission­al. É um entulho da ditadura Vargas, extinta em 1945, que resistiu até nossos dias e não pode continuar.

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