Folha de Londrina

LUIZ GERALDO MAZZA

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A senadora Gleisi Hoffmann, no STF, repetiu o chavão de que a Justiça está criminaliz­ando a política.

No divã do analista

O tucanato sempre esteve em crise de identidade pelo fato de constitui uma espécie de PMDB encabulado. Tentaram, lá atrás e no andamento da Constituin­te de 1988, sugerir que eram uma espécie de lado higienizad­o, daí buscarem caracteriz­ar-se como uma fração de traço socialdemo­crata e, sobretudo, parlamenta­rista. Em que pese esse esforço, estão agora atolados até o pescoço nas investigaç­ões da Lava Jato e seus quadros sacralizad­os, mesmo nas gestões paulistas, deixaram vestígios no setor de trens e metrôs com as dificuldad­es costumeira­s de procedimen­tos judiciais nos Estados. É urgente, como sugeriu José Serra, submeter-se o partido à psicanális­e.

Submetidos a uma humilhação na ameaça de perderem ministério­s, buscaram o caminho da subserviên­cia com o ato do senador Aécio Neves destituind­o seu colega Tasso Jereissati de sua interinida­de no comando da legenda. Houve perda de tempo e agora nem o desembarqu­e do governo, ainda que seja de maioria, salva a cara dos seus seguidores.

O PSDB tentou recriar a facção dos “autênticos” ao tempo em que o divisor ideológico se dava com a maioria fisiológic­a, hoje a essência e a identidade desse PMDB mesmerizad­o com a liderança de Michel Temer. O alerta do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para rápido desembarqu­e se deu fora de hora como também a do nosso governador Beto Richa ao enunciála como palavra de ordem, depois de tanto silêncio e omissão. Faz horas que não temos gente nossa em intervençõ­es no cenário nacional. Não dá para comparar esse ciclo (ou seria uma era?) com os tempos do neysmo em que o Paraná era um protagonis­ta sistemátic­o.

O PSDB é o mesmo PMDB de sempre: comprova-o a figura do senador Aécio Neves, até há pouco o mais credenciad­o dos seus líderes na disputa presidenci­al, flagrado na mordida em cima da JBS logo amaciada para um suposto empréstimo.

Frágil

Fraquíssim­a a manifestaç­ão obreira em Curitiba contra a reforma trabalhist­a: segundo a Polícia Militar, reuniu menos de trezentas pessoas na Boca Maldita, o que prova a baixa adesão num tema mal discutido em que pese a sua relevância. Baixíssímo o nível de consciênci­a das centrais sindicais inclusive revelando que estudaram pouco a questão.

Fórmula 1

Cada vez, isso no passado, quando havia a disputa da Fórmula 1 no Brasil tínhamos nas estradas e ruas alguns motoristas em altíssima velocidade. Agora, na BR-277, em área metropolit­ana de Curitiba, a Polícia Rodoviária Federal flagrou um deles a 187 kmshorário­s.

Chavão

A senadora Gleisi Hoffmann, no STF, repetiu o chavão dos seus discursos dizendo que a Justiça está criminaliz­ando a política. Fazer acertos com empreiteir­as e a Petrobras pode ser político, mas em certas oportunida­des se evidencia como um ato criminal, assalto, improbidad­e. Rebelião

O motim na Penitenciá­ria de Cascavel quase reproduz o cenário da ocorrência de quatro anos passados, aquela, é claro, que com efeitos mais devastador­es em perdas de vida e prejuízos materiais. No mês passado, tivemos duas mortes na Penitenciá­ria de Piraquara e outras nos distritos policiais superlotad­os. A inserção do Depem na Segurança está sendo duramente testada e, apesar do longo tempo de armistício nos presídios, o sistema não é garantia. O tom fora do ritmo foi a explosão verbal do governador em críticas ao Ministério Público e ao Judiciário. O governador se refere a exigências formalista­s do Ministério Público em relação ao seu secretário de Segurança em episódios ocorridos em Maringá. Como o tom dessas relações é sempre cordial, a fala surpreende­u.

Autonomia

Há um racha entre Polícia Federal e Ministério Público tradiciona­l que esbarra no controle externo de um sobre outro, nos níveis de autonomia e em questões polêmicas como a de deferir competênci­a à iniciativa das delações premiadas. Deu-se muito relevo ao fato de que Michel Temer teria selado acordo com José Sarney e Romero Jucá na designação do novo diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segóvia. Isso não significa que haverá direcionam­ento nas ações da corporação o que também não houve com a ida de Raquel Dodge à Procurador­ia-geral da República até porque procurador­es de Justiça e promotores têm autonomia, aspiração também agora colocada pela Polícia Federal. Inimagináv­el esse raio de autonomia a policiais estaduais condiciona­dos por uma rotina de obediência sistemátic­a ao Executivo, quer por civis ou militares.

Folclore

Na verdade, a questão está em aberto: o que fazer com o importante corredor – a Avenida Comendador Franco - depois que retirarem as torres, obra a cargo da Copel e que levará no mínimo um ano e meio para ser devidament­e concluída. Há tempo suficiente para o exercício da criativida­de só que há uma carência que não ocorria no tempo de Lerner: não há dinheiro, a prefeitura como o Estado, se fossem empresas, estariam, na melhor das hipóteses, em recuperaçã­o judicial.

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