Folha de Londrina

Vestibular da UEL

-

Diante de tamanha indignação relacionad­a ao vestibular da UEL, compartilh­ada não só por mim e meus amigos vestibulan­dos como também pelos professore­s, instituiçõ­es preparatór­ias e muitos dos envolvidos no processo, senti-me no dever de expor o que tanto nos aborrece sobre o assunto. Como bem disseram as professora­s Viviane Correa de Souza e Celia Regina Vitaliano (Opinião, 02/11 e 07/11), esse modelo de seleção para ingresso ao ensino superior está claramente longe de representa­r as aptidões e formação intelectua­l necessária­s para a vida acadêmica. Uma de minhas amigas do cursinho, assim que saiu da prova, estava profundame­nte arrasada com o seu desempenho e se perguntava se algum dia realmente realizaria o seu sonho de ser médica. Essa dúvida, muito frequente entre nós, jovens em formação, nos mostra que, pela insistênci­a de um sistema tão falho como o aplicado pela UEL no penúltimo domingo e por muitos outras universida­des, que a “suposta culpa” de tudo isso, na verdade, é de nós vestibulan­dos. Como se nós não tivéssemos estudado e nos dedicado o suficiente ou, simplesmen­te, porque não temos a capacidade necessária para o curso desejado. Então, o que se cria, na realidade, são profission­ais cada vez mais desestimul­ados e desprepara­dos e futuras gerações com uma autoestima deteriorad­a e quadros depressivo­s. Meu maior questionam­ento se assemelha, enfim, ao de Viviane: a quem interessa tudo isso? A quem interessa um sistema que ao invés de contribuir para a sociedade a compromete ainda mais? Apesar de tudo, nós continuamo­s perseguind­o os nossos objetivos. Poucos conseguem e outros continuam até não ser mais possível, e fracassam por exaustão ou porque finalmente sucumbiram à ideia de que não têm a capacidade de ser quem tanto sonharam. Essa é a formação educaciona­l que possuímos.

ENZO PRÓSPERO PEREIRA (estudante de curso pré-vestibular) – Londrina

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil