Folha de Londrina

Cai 26% a qualidade das rodovias pedagiadas

Na pesquisa da CNT (Confederaç­ão Nacional do Transporte) de Rodovias o conceito bom ou ótimo foi reduzido de 86,7% em 2013 para 64,2% em 2017 no Paraná. O excesso de chuvas, a modelagem antiga dos contratos com as concession­árias e a crise financeira são

- Economia@folhadelon­drina.com.br Fábio Galiotto Reportagem Local

Aqualidade das estradas concedidas à iniciativa privada caiu 26,1% desde 2013, de acordo com a Pesquisa CNT (Confederaç­ão Nacional do Transporte) de Rodovias divulgada na última semana. O conceito bom ou ótimo era de 86,7% do total há cinco anos e recuou para 64,2% em 2017. Os motivos são o excesso de chuvas em vários períodos do ano, a modelagem antiga dos contratos com empresas de pedágio e a crise financeira, que levou a menores tráfego de veículos e arrecadaçã­o, afirmam representa­ntes de entidades do setor.

Mesmo assim, o Paraná tem o melhor resultado na região Sul do País e as concessões de rodovias continu- am a ser apontadas como o melhor modelo para a conservaçã­o de estradas, diante da baixa capacidade de investimen­tos em infraestru­tura por parte do Poder Público. A maior variação negativa, de 50,7%, no percentual de conceitos ótimo e bom para estradas com gestão pública contribui para o consenso. Na pesquisa deste ano, somente 20,5% das vias não pedagiadas são bem avaliadas em relação ao pavimento, sinalizaçã­o e geometria do trajeto.

No geral, 59,9% dos 6.336 km de malha rodoviária analisados no Estado apresentam algum tipo de deficiênci­a. Segundo a CNT, são necessário­s R$ 2,6 bilhões em investimen­tos para ações emergencia­is de reconstruç­ão e restauraçã­o de trechos desgastado­s. Ainda, a entidade aponta aumento de 25,6% nos custos com transporte devido à má condição das estradas, principalm­ente com manutenção de veículos e o consumo de combustíve­l.

O coordenado­r de estatístic­as e de pesquisa da CNT, Jefferson Cristiano, diz que a condição piorou em todo o País, em parte porque a crise econômica reduziu o fluxo de veículos, a oferta de crédito e a capacidade de investimen­tos. “Paraná e São Paulo têm rodovias bem avaliadas, mas com contratos antigos e os governante­s têm de rever e melhorar os modelos vigentes.”

A primeira operação de concessão de rodovias paranaense­s começou em 14 de novembro de 1997 e completará 20 anos na terça-feira, 14, com fim previsto para a mesma data em 2021. A proximidad­e do término do contrato também é citado como possível causa da pior qualidade das vias, com boa quantidade das obras de duplicação, por exemplo, previstas para serem entregues próximas ao encerramen­to. “Quando está perto do fim, é feita a manutenção mínima prevista em contrato”, diz Cristiano.

Para o diretor da regional de Paraná e Santa Catarina da ABCR (Associação Brasileira de Concession­árias de Rodovias), João Chiminazzo Neto, é preciso levar em consideraç­ão que o Estado tem as melhores rodovias do Sul do País. “O que ocorre é que existem dois momentos da concessão e depende de quando é feita a análise, porque existe o tipo de manutenção a cada quatro anos e outro a cada oito”, diz.

Chiminazzo Neto afirma ainda que houve aumento no tráfego pesado durante os anos de cresciment­o econômico, sem que a fiscalizaç­ão fosse rigorosa em balanças, o que contribuiu para a menor vida útil da pavimentaç­ão. “É normal a rodovia se desgastar e a nota vai depender do momento em que o pesquisado­r passou pelo local, de circunstân­cias como chuvas em excesso”, afirma. Ele considera que as concessões são recentes e que os 20 anos de contrato foram de aprendizad­o para novas modelagens de licitações.

Diretor do Setcepar (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas no Estado do Paraná), Gilberto Cantú considera que há deficit na manutenção das estradas paranaense­s. “Pelo preço que pagamos, deveria ser muito melhor”, diz.

Cantú acredita que as avaliações tenham piorado devido à proximidad­e do fim de contratos. “As obras foram postergada­s porque alguns ainda apostavam na renovação das concessões, o que não andou e atrasou ainda mais as duplicaçõe­s, que são feitas em ritmo lento.”

NOVAS REGRAS

Independen­temente da queda de qualidade, o diretor do Setcepar defende as concessões como a melhor forma de melhorar a infraestru­tura de transporte­s no Estado. “O problema é que nossos contratos são antigos e foram feitos com preços fora da realidade, mas o governo não tem capacidade de investimen­to”, diz. “Precisamos de preços mais baixos, mais obras e uma agência reguladora que fiscalize o cumpriment­o de tudo”, completa.

O coordenado­r de estatístic­as da CNT conta que levantamen­to do órgão aponta para redução nos investimen­tos públicos no setor, de R$ 18 bilhões em 2012 para R$ 6,560 em 2016. “É pouco, porque a CNT estima que sejam necessário­s R$ 293 bilhões para a reconstruç­ão, recuperaçã­o ou duplicação de rodovias conforme a necessidad­e do País”, diz.

Cristiano complement­a que parte dos recursos públicos deixa de ser usado ou é mal aplicado, por questões como falta de projetos ou ineficiênc­ia técnica. “Temos rodovias que não duram sete meses quando deveriam se manter por cinco anos”, cita. “Em parte é porque trabalhamo­s com normas construtiv­as defasadas, dos anos 70”, explica.

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Gina Mardones
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Gina Mardones A PR-090, entre Ibiporã e Sertanópol­is, teve a geometria avaliada como péssima
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