REBELIÃO
Motim na Penitenciária Estadual de Cascavel, que durou 43 horas, deixou um morto; 220 detentos foram transferidos
Após encerramento do motim no último sábado, 750 presos estão sob vigilância armada na Penitenciária Estadual de Cascavel; 220 detentos foram transferidos
Depois de 43 horas, foi encerrada a rebelião na Penitenciária Estadual de Cascavel (PEC), no oeste do Estado, na manhã do último sábado (11), por volta das 10h. O motim começou na tarde de quinta-feira (9) e deixou um morto e 28 feridos, sendo três agentes penitenciários que foram feitos reféns. A identificação do morto – que foi decapitado – ainda não foi divulgada, mas sabese que é um preso. De acordo com a assessoria de imprensa da Sesp (Secretaria da Segurança Pública e Administração Penitenciária do Paraná), no local está a PM (Polícia Militar) e SOE (Setor de Operações Especiais) que fazem a vigilância armada de cerca de 750 presos que estão contidos e isolados em pátios cobertos da unidade. Outros 220 foram transferidos para unidades próximas de detenção. A penitenciária tem a capacidade para 1.160 presos.
Segundo o diretor geral do Depen (Departamento Penitenciário do Paraná), Luiz Alberto Cartaxo Moura, todas as atividades estão suspensas na unidade, incluindo visitação de familiares, devido à destruição das alas e dos cubículos, onde ficam os detentos. Dois túneis foram encontrados e ainda não há confirmação do número de fugitivos. “Apenas policiais, agentes e funcionários que prestam serviços na penitenciária podem entrar. Os pre- sos retornarão às celas aos poucos conforme fomos restabelecendo a estrutura que foi danificada, como paredes, parte elétrica e hidráulica”, disse, completando que a estimativa é de 30 dias para a reforma nos três pavilhões, com exceção do telhado. A unidade penitenciária foi reformada e entregue em novembro de 2016. Em 2014, uma rebelião de 45 horas deixou mais de 80% da penitenciária destruída. Na ocasião, cinco presos foram mortos e 25 ficaram feridos.
NEGOCIAÇÃO
Apesar do motivo do início do motim ainda não ser totalmente conhecido, Cartaxo negou que a rebelião tenha iniciado por brigas ou disputas entre facções criminosas. O diretor, no entanto, confirmou a existência de diversas facções no presídio, entre eles o PCC (Primeiro Comando da Capital) e o CV (Comando Vermelho). “Os presos demoraram a estabelecer uma liderança para a negociação. Porém, tudo indica que foi deflagrada internamente”, afirmou. Será instaurado um procedimento para apurar as circunstâncias em que ocorreu o início da rebelião, pois, conforme o diretor, houve uma falha procedimental que será investigada, com prazo de 15 dias para divulgação do resultado. A comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Cascavel relatou que os rebelados reclamavam da queda na qualidade dos alimentos servidos e do tratamento dado às visitas.