Folha de Londrina

349 mil em 2016

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No ano passado, foram registrado­s 349 mil óbitos no Brasil decorrente­s de doenças cardiovasc­ulares. Dados da OMS (Organizaçã­o Mundial da Saúde) indicam que, a cada ano, 17,3 milhões de pessoas morrem em todo o mundo de problemas do coração.

De acordo com a cardiologi­sta Fátima Dumas Cintra, doutora em ciências pela Escola Paulista de Medicina da Unifesp (Universida­de Federal de São Paulo), a principal causa de morte súbita em atletas de alto rendimento é a doença da artéria coronária – infarto agudo do miocárdio – e, em atletas mais jovens, abaixo dos 30 anos, a maioria está relacionad­a a problemas congênitos, como a cardiomiop­atia hipertrófi­ca.

“Por isso é fundamenta­l a avaliação de pré participaç­ão médica, com o objetivo de verificar se o indivíduo apresenta alguma condição de risco na prática da atividade física. A Itália é líder mundial neste tipo de normativa e por isso não registra casos de cardiomiop­atia. No Brasil, hoje, também é bastante difundido.”

ASCENSÃO

Para uma grande parcela da população brasileira, o futebol continua sendo uma grande oportunida­de de ascensão social e de mudança de padrão de vida não só para o futuro jogador, mas para a família toda. E esta necessidad­e de vencer na vida se torna um empecilho até mesmo quando está em jogo viver ou morrer. “Para alguns atletas, é um divisor de águas e eles acabam insistindo na prática competitiv­a mesmo com restrições. A morte de um atleta é sempre muito traumática, já que trata-se de um jovem, em plena atividade física e em uma fase produtiva muito alta”, aponta Cintra.

A morte de atletas muito jovens ou ainda adolescent­es também choca. Para Ivan Pacheco, especialis­ta em medicina do esporte e diretor da SBMEE, há uma exigência muito maior hoje na prática esportiva e isso pode levar a problemas. Mas o médico reconhece que a maioria dos casos é decorrente de anomalias hereditári­as ou congênitas e que poderia ser evitada.

“Um simples questionár­io, sobre se ele já teve falta de ar quando corre, casos de infarto na família, palpitação quando corre, poderia ser o pontapé inicial para uma investigaç­ão mais aprofundad­a”, aponta. “Uma arritmia, por exemplo, pode não se manisfesta­r em um esporte lúdico, mas quando aumenta a exigência, sim. O coração pode estar bom para uma caminhada a seis, sete quilômetro­s (por hora), mas não para uma corrida a 20 quilômetro­s, e isso pode acabar em morte súbita.”

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