João Milanez, o jornalista visionário
Não poderíamos nos olvidar de registrar nosso sentimento de gratidão pela valiosíssima contribuição que a Folha de Londrina concede, diariamente, à democracia”
Ao vermos o complexo empresarial que se tornou a Folha de Londrina, respeitada em todo território nacional pela divulgação dos fatos que marcam a sociedade, solidificando-se como um jornal de prestigiada audiência, seja em Londrina como em todo o Estado do Paraná, e mesmo no Brasil, talvez não imaginemos que no princípio até a máquina de escrever usada era emprestada, conforme a entrevista concedida ao jornalista José Wille, no programa “memória paranaense”, em 1998.
Não seria diferente se considerarmos o esforço do seu fundador João Milanez desde 13 de novembro de 1948, ou seja, em pleno pós-Segunda Guerra Mundial, que em sua trajetória sempre lutou para fazer o melhor mesmo diante de todas as dificuldades inerentes a um período de revoluções e incertezas.
Tranformando ideias em ação, erigiu um canal de franca comunicação que se tornou a integração diária para os leitores, dos mais variados assuntos locais, nacionais e mesmo internacionais. Essa pluralidade de ideias consagra o ideal iniciado há exatos sessenta e nove anos pela sagacidade jornalística de João Milanez, para quem o jornal deveria ser feito até para criança, para adultos de todas as faixas etárias: idealizou o jornal para todos.
Todo esse sentimento de gratidão, fruto do regalo que essa fonte jornalística dá à democracia, tem o poder de encetar um alto grau de admiração ao jornal como um todo; à Folha de Londrina em sua totalidade. Daí, mister penhorarmos esta singela homenagem com inteligência das palavras do advogado e jornalista Rui Barbosa, quando tratou da liberdade de imprensa, defendendo-a, enaltecendo-a, ilustrando-a, então bradou que: “Se não estou entre os mais valentes dos seus advogados, estou entre os mais sinceros e os mais francos, os mais leais e desinteressados, os mais refletidos e radicais. Sou pela liberdade total da imprensa, pela sua liberdade absoluta, pela sua liberdade sem outros limites que os do direito comum, os do Código Penal, os da Constituição em vigor; e, se o Império não se temeu dessa liberdade, vergonha será que a República a não tolere.
Mas, extremado adepto, como sou, da liberdade, sem outras restrições, para a imprensa, nunca me senti mais honrado que agora em estar ao seu lado; porque nunca a vi mais digna, mais valorosa, mais útil, nunca a encontrei mais cheia de inteligência, de espírito e de civismo; nunca lhe senti melhor a importância, os benefícios, a necessidade. A ela, exclusivamente, se deve o não ser hoje o Brasil, em toda sua extensão, um vasto charco de lama”.
Por isso, convém relembrarmos a todos os leitores, desde os mais jovens aos mais experientes, o legado de otimismo que nos deixou o jornalista visionário João Milanez ao afirmar com confiança em si próprio: “Meu negócio, nunca faço pela metade. Nunca fiz uma coisa por fazer: ou faz bem feito ou não faz!”.
Como poderíamos nos esquecer que, nos primórdios, ele chegou a ficar um ano inteiro, de Santo Antônio da Platina a Paranavaí, Porecatu, divulgando a Folha de Londrina, e afinal vendeu nada menos que quatro mil e setecentas assinaturas. Para se ter noção da grandeza e determinação desse jornalista de espírito visionário, naquela época o jornal “Estadão” tinha aproximadamente vinte mil assinantes. Foi mesmo algo deslumbrante. E se algum assinante da FOLHA reclamasse que não a havia recebido - segundo suas próprias palavras - mandava entregá-la imediatamente, ou, às vezes, ele próprio levava à casa do assinante.
Não poderíamos nos olvidar de registrar nosso profundo e sincero sentimento de gratidão pela valiosíssima contribuição que o jornal Folha de Londrina, por meio de seus jornalistas, editores, redatores e toda equipe concede, diariamente, à democracia.