OPERAÇÃO CASTOR
Investigação apura extração ilegal de madeira em fazenda pertencente a Abib Miguel, o Bibinho, que está sob sequestro judicial
Ex-diretor da AL, Abib Miguel é investigado por extração ilegal de pinus e eucaliptos em fazendas que estão sob sequestro judicial
OGaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), de Curitiba, cumpriu sete mandados de busca e apreensão expedidos pelo TJ (Tribunal de Justiça) do Paraná na manhã dessa segundafeira (13) na Operação Castor, que é um desdobramento da Operação Argonautas. Os alvos foram a casa do ex-diretor da AL (Assembleia Legislativa) do Paraná Abib Miguel, conhecido como “Bibinho”, na capital, e duas empresas e a casa do prefeito Rio Azul (Sudeste), Rodrigo Solda, e do pai dele o ex-prefeito do município Vicente Solda.
A investigação apura a extração ilegal de madeira em imóveis pertencentes ao exdiretor, localizadas no município de Rio Azul, que estão sob sequestro judicial por ordem da 4ª Vara Criminal de Curitiba.
De acordo com o promotor do Gaeco, Denilson Soares de Almeida, a suspeita é que eram comercializados pinus e eucaliptos extraídos ilegalmente da fazenda com a ajuda de Rodrigo e Vicente Solda. “O imóvel está em processo de alienação antecipada e de avaliação para poder restituir o patrimônio público”, informou Almeida, lembrando ainda que os réus, neste caso, são investigados pelo crime de lavagem de dinheiro. RELAÇÃO ESTREITA Na operação de busca e apreensão, foram apreendi- dos computadores, celulares e documentos. Segundo o promotor, a relação da família Solda e Bibinho era estreita. “Foram encontrados porta-retratos com fotos de Bibinho na casa do prefeito de Rio Azul.”
O prefeito e ex-prefeito aparaceram na folha de pagamento da Assembleia Legislativa na época do escândalo dos Diários Secretos da Assembleia Legislativa. Vicente Solda foi exonerado em 2006, já o atual prefeito foi nomeado em 2007, vinculado à diretoria comandada à época por Bibinho.
Segundo a investigação, entre 1997 e 2010, foram desviados mais de R$ 216 milhões (em valores atualizados) envolvendo a contratação de pelo menos 97 funcionários “fantasmas” na AL.
Já a Operação Argonautas foi deflagrada em 2014, quando o ex-diretor da AL , no momento em que recebia cerca de R$ 70 mil do administrador de suas propriedades no estado de Goiás. Em 2015, Bibinho foi denunciado pelo MP junto com outras doze pessoas por envolvimento em desvios de dinheiro público do legislativo estadual.
Os recursos desviados eram “lavados” por meio da aquisição de imóveis urbanos e rurais, em nome do próprio exdiretor e de seus familiares, em vários Estados do país, e de sua posterior exploração (agrícola ou extração de madeira ou minérios, por exemplo). Na denúncia, foram descritos pelo menos 60 imóveis utilizados no esquema, localizados no Paraná, Goiás, Tocantins, Rio Grande do Norte, Mato Grosso, Santa Catarina e São Paulo.
OUTRO LADO
De acordo com o advogado de Solda, Fabrizzio Matte Dossena, a investigação não tem relação com o cargo de prefeito. “Tanto é que não foram cumpridos mandados de busca na Prefeitura de Rio Azul.” Dossena informou que não teve acesso ao teor da denúncia e que o prefeito deverá divulgar uma nota oficial assim que tiver acesso às informações.
O advogado Acir Bueno de Camargo, que defende Abib Miguel, informou apenas que não teve acesso às informações do mandado judicial. O ex-diretor da AL responde aos demais processos em liberdade, entretanto, faz uso de tornozeleira eletrônica.