Folha de Londrina

Experiênci­a pioneira: escola oferece oito horas diárias

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A Escola Municipal Hélvio Esteves (zona norte) foi inaugurada em 2014 com uma proposta inovadora: atender todos os alunos em tempo integral e com matriz curricular diferente da tradiciona­l. Na prática, os 220 alunos passam oito horas diárias na escola. Pela manhã, têm aulas do currículo básico e educação física. O almoço é servido das 12 às 13 horas e, após isso, todos os estudantes passam semanalmen­te por dez oficinas pedagógica­s relacionad­as a cinco eixos educaciona­is.

Conforme a diretora Tânia Aparecida Félix Esteves, o atendiment­o nas oficinas é o grande diferencia­l da metodologi­a. Todos fazem orientação de estudo e leitura, inglês, jogos matemático­s, informátic­a, artes visuais, artes cênicas, esporte, horta, saúde e alimentaçã­o e participam do projeto “Jovens Empreended­ores Primeiros Passos”, em parceria com o Sebrae. As aulas terminam às 16 horas. Anualmente, as crianças cumprem carga horária de 1.600 horas.

“Os conteúdos ensinados pela manhã são reforçados nas oficinas da tarde. Com isso, todos aprendem melhor”, avaliou a diretor, complement­ando que os alunos ganham, também, na aquisição de valores. “Aqui sempre tem muita conversa, inclusive sobre assuntos como racismo e bullying. Percebemos também que nossos alunos são bastante autônomos, têm bons argumentos e são desenvolto­s. Aqui, todas as habilidade­s são reconhecid­as, sejam elas nas disciplina­s básicas ou nas oficinas.”

Os professore­s trabalham com jornada dupla ou horas extraordin­árias. O gargalo, segundo a diretora, é referente à hora do almoço, quando falta professor para atender as crianças. “Com a ampliação da jornada, isso seria resolvido.”

Ana Clara Fonseca Ananias, 7, está no 1º ano e garante que aprende muitas coisas durante o tempo que passa na escola. “Hoje mesmo aprendi que existem joaninhas de várias cores”, disse a menina, que foi matriculad­a no Hélvio Esteves por influência da prima que já está na escola. Ela contou que, apesar de ter muitas atividades durante o dia, não fica cansada. “Minha mãe trabalha e fica tranquila por eu estar aqui.”

A aluna gosta inclusive de almoçar todos os dias na escola ejá elegeu a comida preferida: estrogonof­e de frango. Nas oficinas, a atividade f avo ritaéo esporte e ela comemora a oportunida­de de ter aprendido a jogar futsal, a modalidade que mais gosta de praticar. “Essa escola é muito legal”, elogiou.

Pedro Henrique de Sousa ,10, está no5ºa noese prepara para deixara escola que o acolheu desde os primeiros anos. Dedicado, responsáve­l e estudioso, ele está selecionad­o entre os finalistas do programa “Bom Aluno”, que oferece bolsa de estudos e apoio para bons alunos de baixa renda. “Se eu for selecionad­o, vou agradecer minha escola para sempre.”

O estudante mora coma mãe, que trabalha como diarista, no conjunto Vista Bela. Quando a prefeitura cortou o transporte que levava as crianças para a escola e sugeriu a transferên­cia para uma instituiçã­o mais próxima de casa, a mãe preferiu apertar o orçamento e pagar transporte particular.

O aluno tem um local preferido na escola: a sala de informátic­a, onde pode jogar e aprender sobre o uso de computador­es. Para o futuro, ele ainda está em dúvida sob reestudar Medicina ou Direito .“Gosta- ria muito de ajudara combatera corrupção, mas também tenho vontade de levar mais saúde para as pessoas mais pobres.”

A professora Marlene Lino de Souza Jesser dá aulas para o 4º ano e também ministra as oficinas de empreended­orismo no contraturn­o. Atualmente, ela completa a carga horária necessária para realizar o trabalho através de horas extras. “Acho muito bom poder passar mais tempo com os alunos e interagir com os outros professore­s, atuamos como uma grande equipe.”

(C.A.)

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Ana Clara Fonseca Ananias, que está no 1º ano, aprendeu a jogar futsal nas atividades de contraturn­o
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Fotos:SAulo OhArA Aluno do 5º ano da Escola Hélvio Esteves, Pedro Henrique de Sousa se distrai com jogos e aprende sobre computador­es na sala de informátic­a

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