Folha de Londrina

Depen deve instalar celas modulares em Londrina

Órgão penitenciá­rio não informa data nem número de “shelters”, mas confirma que alguns serão destinados à Casa de Custódia

- Vítor Ogawa Reportagem Local

Uma medida pode ajudar a desafogar o Ciac (Centro Integrado de Atendiment­o ao Cidadão), no antigo 4ª Distrito Policial, localizado na Avenida Dez de Dezembro, para onde são levados suspeitos de praticar crimes e que funciona atualmente como centro de triagem.

Segundo o juiz da VEP (Vara de Execuções Penais), Katsujo Nakadomari, o governo pretende ampliar a Casa de Custódia de Londrina por meio da implantaçã­o de “shelters”, que são celas modulares pré-fabricadas feitas de concreto com capacidade para 12 presos cada uma. Esse dispositiv­o já foi implantado em unidades prisionais de Piraquara (região metropolit­ana de Curitiba), mas ainda não existe em Londrina. Aqui, foram instalados contêinere­s no 4º DP.

“Cada ‘shelter’ possui banheiro próprio e seria possível implantar rapidament­e, pois são como se fossem barracões pré-fabricados, em que a gente só precisaria fazer a fundação, o piso e as instalaçõe­s hidráulica­s e elétrica”, descreveu Nakadomari durante reunião na tarde desta segunda-feira (13) com o presidente da subseção Londrina da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Eliton Carneiro, e com os representa­ntes das comissões de estabeleci­mentos prisionais, de advogados criminalis­tas e de direitos humanos. “Ao implantar dez desses ‘shelters’, abrimos vagas para 12 presos. Isso ajudaria a desafogar o centro de triagem.”

O juiz destacou que a situação atual do município é caótica. “Hoje temos 660 presos provisório­s, o que é um pouco menos do que a média nacional, mas ainda assim é muita gente. Todo dia tenho acompanhad­o a situação para não quebrar o sistema. Recebo diariament­e pedidos de remoção de presos de 32 comarcas”, expôs.

Segundo ele, a unidade um da PEL (Penitenciá­ria Estadual de Londrina) tem capacidade para 700 presos e hoje está com 687; a PEL 2, com 970 vagas, está com 976 detentos; e a CCL (Casa de Custódia de Londrina), com capacidade para 504 presos, tem 505 detentos. Isso dificulta a remoção de pessoas que não foram condenadas para essas unidade. “Tenho que manter nesse nível, senão pode ocorrer o que aconteceu na PEC (Peni- tenciária Estadual de Cascavel)”, apontou.

Ele ressaltou que o Conselho da Comunidade também tem a intenção de construir uma ala pequena no Ciac até o começo do ano que vem, com capacidade para 30 presos.

O diretor-geral do Depen (Departamen­to Penitenciá­rio), Luiz Alberto Cartaxo Moura, confirmou que o órgão irá implantar os “shelters” em Londrina. “Só existe uma empresa que produz esse tipo de dispositiv­o e ela tem 51 ‘shelters’ disponívei­s. Estamos comprando emergencia­lmente todas elas, dispensamo­s a licitação. Várias unidades do Estado serão ampliadas, entre elas a CCL”, declarou, informando que as outras cidades que para onde serão enviadas as celas são Guarapuava (Centro), Cornélio Procópio (Norte Pioneiro) e Piraquara.

Cartaxo não informou a data para o envio e tampouco confirmou o número de celas para Londrina – que seriam 10, sendo o juiz. “Não tenho certeza sobre esse número. Ainda estamos estudando. Mas nossos engenheiro­s já visitaram todo esse circuito para os estudos iniciais de implantaçã­o”, afirmou.

OUTRAS MEDIDAS

Cartaxo comentou sobre as decisões de Nakadomari em relação ao uso de tornozelei­ras eletrônica­s. “Londrina é o município que está em segundo lugar no uso de tornozelei­ras no Paraná, perdendo somente para Curitiba e sua região metropolit­ana. Mas é o maior usuário individual desse monitorame­nto eletrônico em regime de execução semiaberto”, afirmou. “O uso da tornozelei­ra alivia o sistema fechado e tem se mostrado mais eficiente na execução penal. Ele é um instrument­o de cessamento de liberdade e, ao mesmo tempo, é um fator de reintegraç­ão social.”

Cartaxo citou outras medidas que seriam eficazes na redução da superlotaç­ão dos presídios, como a reavaliaçã­o de custódia e a atuação do juiz da VEP nas progressõe­s dos regimes para semiaberto.

Sobre a reavaliaçã­o de custódia, Nakadomari e os representa­ntes da OAB chegaram a um consenso de que a melhor solução para reduzir o número de pessoas no Ciac seria que o advogado de custódia permaneça representa­ndo o preso até o início do inquérito, pois o preso não ficaria desassisti­do nesse intervalo.

Carneiro ressaltou que muitas vezes presos de outros estados ficam de 30 a 60 dias nessa situação. “Toda semana temos 100 presos provisório­s. Muitos deles não têm advogados nem para requerer direitos que eles possuem”, apontou.

As celas pré-fabricadas têm banheiro próprio e sua instalação é rápida

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Marcos Zanutto Katsujo Nakadomari, juiz da VEP: com a implantaçã­o de dez “shelters”, criam-se 120 novas vagas para ajudar a desafogar o centro de triagem
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