Folha de Londrina

Cor de pele não é espelho

‘Gente de Cor, Cor de Gente’, livro-imagem de Mauricio Negro, desarma os fatores que dão origem ao preconceit­o e intolerânc­ia

- Marcos Losnak Especial para a Folha2

Branco sente frio. Negro também.

Negro sente fome. Branco também.

Branco sente raiva. Negro também.

Branco sente amor. Negro também.

Negro sente dor. Branco também.

Branco sente desejo. Negro também.

Negro sente medo. Branco também.

Branco sente alegria. Negro também.

Negro sente compaixão. Branco também.

Os seres humanos são todos iguais. A pele pode ser branca ou negra, não importa, todos são iguais. Sentem frio, fome, raiva, amor, dor, desejo, medo, alegria, compaixão e tudo o que é devidament­e humano.

Então nasce a pergunta: Se todos são iguais, por que existem preconceit­o e intolerânc­ia racial?

A resposta pode ser longa, múltipla e complexa, mas o ilustrador paulista Mauricio Negro encontrou uma maneira simples para a questão. Ela está em “Gente de Cor, Cor de Gente”, livro infantojuv­enil que acaba de ser lançado pela editora FTD.

A partir do eufemismo ‘gente de cor’, o autor apresenta uma coleção de expressões faciais que colocam lado a lado pessoas de pele negra e de pele branca. Ambas sentindo as mesmas coisas como frio, raiva, fome, medo, alegria, dor, prazer, etc.

Além disso, além da cor da pele branca e negra, outras cores são utilizadas como metáfora. O vermelho de raiva. O sorriso amarelo. O branco de susto. O verde de fome. O azul de frio. Todas as cores em todos os rostos de todas as peles.

“Gente de Cor, Cor de Gente” demonstra que o preconceit­o e a intolerânc­ia nascem a partir daquilo que não é espelho. As velhas questões: Como o outro pode não ser igual a mim? Como o outro se atreve a ser diferente de mim?.

Mauricio Negro, sem utilizar uma única palavra, diz algo que todos precisam ouvir. Cor de pele não é espelho. Sentimento­s sim.

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Imagens: Reprodução

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