Cai número de nascimentos no Paraná
Quantidade de nascimentos no Estado caiu 4,27% em 2016 na comparação com o ano anterior. Redução foi menor do que a registrada no País. Pesquisa do IBGE aponta que 2,79 milhões de crianças nasceram em território nacional no ano passado, 151 mil a menos do
OParaná apresentou um decréscimo no número de nascimentos na comparação de 2015 com 2016. Em 2015, foram registrados 164.286 nascimentos e no ano passado este número caiu para 157.255, uma queda de 4,27%, segundo a Anoreg-PR (Associação dos Notários e Registradores do Estado do Paraná). Este percentual é mais baixo que a média nacional.
As Estatísticas do Registro Civil 2016, divulgadas nesta terça-feira (14) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), revelam, pela primeira vez, queda de 5,1% nos nascimentos em todas as regiões do País.
Houve 2,79 milhões registros de nascimentos, 151 mil a menos do que em 2015. Para se ter uma ideia, 96,5% dos municípios do Brasil têm menos de 150 mil habitantes. Entre 2003 e 2010, o número de nascimentos oscilou sutilmente. A partir de 2010, a tendência foi de crescimento, até 2016. A queda neste ano foi a mais acentuada desde 2006.
Uma das hipóteses levantadas por pesquisadores do IBGE para explicar a queda do número de nascidos é o surto de zika, que inibiu mulheres de engravidarem. Reforça esta hipótese o fato de o Estado de Pernambuco, que teve muitos casos da doença, ter tido a maior queda do número de nascimentos ocorridos e registrados em 2016 entre todas as unidades da federação.
Em Londrina também houve queda no número de nascimentos, segundo a Anoreg-PR. O município registrou 8.495 bebês em 2015 e 8.271 em 2016, uma queda de 2,63% no número de registros.
A funcionária pública Camila Gomes Pereira, 36, é mãe de Ana Pereira Albuquerque, de um ano. Ela quase adiou os planos de engravidar em razão do zika vírus. “Quando começaram a sair notícias sobre a doença, eu tive uma certa preocupação com o zika vírus e pensei em não ter filhos. Ia suspender a tentativa de ter filhos, quando acabei engravidanciária, do”, contou, acrescentando que tomou uma série de precauções durante a gravidez. “Não saí de Londrina e nem do Estado. Quando saía de casa, ficava com repelente o tempo todo. E quando pessoas próximas iam para outro Estado eu ficava morrendo de preocupação.” A mãe de Ana também revela que outros amigos adiaram planos de ter filhos justamente por causa da doença, que pode causar microcefalia nos bebês.
A chefe da 17ª Regional de Saúde, Sandra Bonini, afirmou que embora tenha havido essa preocupação por parte de alguns casais, isso não chegou a impactar na região de maneira significativa. “Nós não tivemos uma epidemia na região. A não ser que tenha havido uma conscientização filhos já vem acontecendo no mundo inteiro, sobretudo na Europa, onde há um envelhecimento da população. “Quanto mais avançado o processo de urbanização e de vida do trabalho mais impacto há na redução de natalidade. O Brasil vai passar pelo processo e o medo é em relação à política previden- já que o impacto sobre as finanças é grande”, apontou.
Garcia ressaltou que parte disso acontece porque o casamento não é mais o caminho de realização social, sobretudo em grandes centros urbanos. “Não existe mais esse dado cultural de que isso era meta de vida. A pessoa não se casa por ser obrigada. Casa por escolhas que faz, de maneira responsável.”
Os números apontam para esse caminho. O relatório do IBGE aponta que os casamentos civis sofreram um decréscimo de 3,7% em geral. No Paraná, os matrimônios caíram de 64.943 em 2015 para 60.308 (-7,13%). Em Londrina, o número passou de 3.851 para 3.643 (-5,4%).
Já os divórcios no País subiram 4,7% em 2016, enquanto no Paraná o indicador caiu de 8.883 para 8.781 no período de um ano, mostrando uma certa estabilidade (-1,14%). Em Londrina, houve aumento no número de divórcios de 585 para 677 entre 2015 e 2016, um aumento significativo de 15,72%.
No Brasil, a duração dos casamentos se manteve a mesma de 2015: 15 anos. Assim como aconteceu em 2015, a maior proporção de divórcios, 48% deles, aconteceu em famílias com filhos menores de idade. Houve aumento, no entanto, na proporção de guarda compartilhada entre os cônjuges. Em 2015, a proporção foi de 13% e em 2016, de 17%.
A diretora da Anoreg-PR e vice-presidente do Irpen (Instituto do Registro Civil das Pessoas Naturais do Estado do Paraná), Elizabete Regina Vedovatto, argumenta que oscilação sempre existe, mas dessa vez foi um pouco maior. “Sobre a redução dos nascimentos concordo que tem a ver com o zika vírus. As pessoas ficaram mais conscientes”, apontou.
Sobre a redução dos casamentos e aumento de divórcios, ela vê relação com a crise financeira que o País atravessa. “As pessoas deram uma pensada. Mas foi algo pontual. Fiz um levantamento no meu cartório e em 2017 constatamos que o número de nascimentos subiu de novo.”
Com relação àqueles que vivem em união estável, a diretora acredita que aqueles que vivem nessa situação acabam por oficializar o matrimônio quando precisam comprar bens, para obter financiamentos. “Começaram a ver que na prática a união estável não é a mesma coisa que o casamento”, analisou.
É o caso das uniões homoafetivas. Casamentos entre pessoas do mesmo sexo aumentaram desde 2013, quando o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) aprovou resolução autorizando todos os cartórios a celebrar este tipo de união. “Há uma questão civil envolvida, já que há garantia de sucessão e dos bens. Os casais homoafetivos conseguem segurança jurídica no casamento”, afirmou o professor Bianco Garcia.
passiva, de pessoas com receio do que estava acontecendo no País e decidiram por aguardar ter filhos. Mas não podemos dizer que houve impacto diretamente na região”, apontou.
CASAMENTOS E DIVÓRCIOS
O professor de Ética e Política na UEL (Universidade estadual de Londrina), Bianco Zalmora Garcia, ressalta que a redução do número de Por causa da crise, número de casamentos diminuiu em todo o País em 2016; divórcios aumentaram