Folha de Londrina

Terrorismo atingiu número recorde de países em 2016

Ao todo, 77 nações tiveram pelo menos uma morte decorrente de ataques feitos por grupos extremista­s; maioria dos óbitos ocorreu na Ásia e África; Iraque foi o mais afetado

- Diogo Bercito Folhapress

Em 2016, o terrorismo atingiu o maior número de países no mundo desde que o estudo começou a ser feito, em 2000, pelo Global Terrorism Index. Ao todo, no ano passado, 77 países tiveram ao menos uma morte relacionad­a a atentados; em 2015, 65 países tiveram mortes decorrente­s de atos terrorista­s. O estudo foi publicado nesta quarta-feira (15) pelo Instituto para Economia e Paz, que compila esse índice desde 2000.

No que o terrorismo ganhou em extensão, no entanto, ele perdeu em intensidad­e: o mesmo relatório mostra uma redução de 22% no número de mortes causadas por atentados desde 2014, seu ápice. Foram 25.673 mortes em 2016, contra as 32.658 vítimas em 2014.

Quatro dos cinco países mais afetados pelo terrorismo - Síria, Paquistão, Afeganistã­o e Nigéria - tiveram uma queda de 33% no número de mortes.

A redução na Nigéria está relacionad­a ao combate à organizaçã­o terrorista Boko Haram. Houve uma queda de 80% dos ataques atribuídos ao grupo.

Já o país mais afetado durante o ano foi o Iraque, onde a retração territoria­l do grupo radical Estado Islâmico levou ao incremento de seus ataques contra civis, em uma recalibraç­ão de estratégia. Houve 9.765 mortes no Iraque em 2016.

Madri –

OCDE

Apesar da redução no número de vítimas em escala global, o ano de 2016 foi o mais letal desde 1988 nos países da OCDE (Organizaçã­o para a Cooperação e Desenvolvi­mento Econômico), coletivo que engloba EUA, Canadá e diversos países europeus, entre outros. Isso exclui os atentados de 11 de setembro de 2011 nos EUA, que deixou cerca de 3.000 mortos.

O número de mortes cau- sadas por terrorismo em 2016 nesse grupo foi de 265, o que significa 1% do total. O relatório nota, no entanto, que os ataques terrorista­s na OCDE não são inéditos: houve quase 10 mil mortes por essa causa desde 1970, excluindo aquelas registrada­s na Turquia e em Israel.

O Estado Islâmico foi relacionad­o a 75% das mortes por terrorismo em países da OCDE desde 2014. Mas, em termos históricos, essa facção aparece apenas como a quarta maior culpada, superada pelos separatist­as irlandeses IRA e pelos bascos do ETA.

O estudo também mostra que, apesar da atenção dada a atentados nos EUA e na Europa, eles são a minoria em termos globais, pois 94% das mortes causadas pelo terrorismo ocorreram no Oriente Médio, no norte da África, na África subsaarian­a e no sul da Ásia.

O incremento na OCDE, porém, preocupa por sinalizar novas estratégia­s: grupos como o Estado Islâmico têm recorrido a ações de menor complexida­de, como o atropelame­nto que deixou 16 mortos em Barcelona e arredores em agosto passado. São ataques mais fáceis de planejar e mais difíceis de impedir, em comparação aos atentados a bomba realizados em outros anos.

O relatório do Global Terrorism Index estima que o custo de realizar um ataque à Europa foi reduzido de maneira significat­iva nos últimos anos, chegando a custar hoje menos de R$ 35 mil - terrorista­s neste continente não precisam mais, portanto, receber financiame­nto externo.

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Valery Hache/AFP Atentado em Nice, no sul da França, em 14 de julho do ano passado: Estado Islâmico assumiu autoria do ataque, que deixou 85 mortos

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