Folha de Londrina

Liderança também se aprende em casa

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Não é raro as empresas enfrentare­m grandes obstáculos na formação de líderes simplesmen­te porque alguns dos seus profission­ais de grande potencial não foram devidament­e instruídos quando ainda estavam sob a tutela dos pais deles. Ou seja, boa parte de suas lacunas têm relação direta com aquilo que aprenderam – ou não – na infância e adolescênc­ia.

Para evitar que, no futuro, seus filhos enfrentem problemas para liderar ou serem liderados, vou relembrar alguns princípios básicos que todo pai e mãe devem seguir a fim de desenvolve­r a capacidade de influência nos seus pequenos. Anote aí:

1) Seja coerente. Você precisa seguir as próprias regras que impõe aos seus filhos. Quando crianças, eles podem até não saber o que significa ser um líder, mas, por espelhamen­to, vão internaliz­ar e reproduzir o seu caráter e comportame­nto mais adiante.

2) Ajude-os a desenvolve­r o senso de responsabi­lização. Deixe que eles respondam pelas consequênc­ias dos próprios atos, mesmo que isso às vezes doa em você. O papel dos pais é de fornecer apoio e não criar dependênci­a. Isso vale, inclusive para o momento de guardar brinquedos. Se o seu filho despejou tudo na sala, você até pode ajudá-lo a organizar as coisas, mas a responsabi­lidade de recolocálo­s na caixa é dele.

3) Ensine-os a lidar com frustraçõe­s. É importante que eles aprendam a vencer, mas também é necessário que vivam a dor das derrotas. Precisam saber cair e se levantar, afinal decepções temporária­s fazem parte do caminho para o sucesso. Quem hoje poupa seus filhos das frustraçõe­s da vida, está educando pessoas que amanhã não saberão resolver problemas por si mesmos. E, como todos sabemos, uma das principais atribuiçõe­s de qualquer líder é a de solucionar questões desagradáv­eis.

4) Seja cuidadoso ao dar feedback. Não repreenda demais, nem elogie muito. Você pode matar a iniciativa deles, no caso de uma crítica exagerada, ou deixá-los confiantes em excesso, ao elogiá-los além da conta. E é claro, tome cuidado com a forma de comunicar seus pontos de vista: o feedback precisa ser dirigido ao comportame­nto (fatos concretos) e não à pessoa.

5) Modere as recompensa­s. Dentro do mesmo raciocínio, não premie seus filhos por cada coisa certa que fizerem. Eles precisam saber que, na vida, nem tudo garante um troféu. Se você os presenteia por cada conquista, quando adultos ficarão esperando “estrelinha­s no caderno” sempre que concluírem com sucesso uma tarefa qualquer. E todos sabemos: esta não é a realidade do mundo corporativ­o.

6) Mostre a importânci­a de saberem esperar. Boa parte dos jovens que iniciam suas carreiras nas empresas têm se revelado ansiosos demais. Querem conquistar tudo o que podem agora mesmo e, quando isso não acontece, logo desanimam do trabalho. Ensine seus filhos a serem pacientes, a valorizare­m o planejamen­to de longo prazo e a reconhecer­em a disciplina como uma importante virtude.

7) Cuide das competênci­as relacionai­s. Estimule-os à prática de esportes coletivos, dentre outras atividades que envolvam mais crianças. Evite deixá-los exageradam­ente sozinhos, jogando videogame em casa horas a fio, por exemplo. Conviver com diferentes pessoas fará com que eles aprendam a se relacionar socialment­e, lidar com conflitos, negociar e se comunicar bem.

8) Não banque o super-herói. Mostre aos seus filhos que você é humano. Não esconda deles as coisas ruins que acontecem em sua vida. Eles precisam saber e entender que os pais também erram, se decepciona­m, fracassam e nem sempre conseguem tudo o que querem. Se você passar a imagem de “pai perfeito” eles acharão que não existem frustraçõe­s na vida e se sentirão culpados cada vez que errarem.

Essas dicas acima não são uma receita infalível para formar grandes líderes em casa, afinal, educar uma pessoa é uma tarefa extremamen­te complexa. Mas, no mínimo, eles saberão cuidar de si próprios e serão cidadãos de bem. Ou seja, valerá muito a pena.

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