Folha de Londrina

A desigualda­de salarial no Brasil

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Um relatório divulgado nessa terça (21) pelo Banco Mundial mostrou que o Brasil gasta mais com servidores do que países desenvolvi­dos, como Estados Unidos, Portugal e França. Não significa que o setor público tenha mais funcionári­os a serviço da população. Mas a remuneraçã­o de quem trabalha para os governos federal, estadual e municipal está acima da média da remuneraçã­o dos funcionári­os do setor privado. E os salários são bem maiores para quem trabalha no serviço público federal. Utilizando os dados do IBGE(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a), a instituiçã­o financeira internacio­nal chegou à conclusão que o setor público paga, em média, 70% a mais do que a iniciativa privada - R$ 44 mil por ano contra R$ 26 mil. Se comparado aos trabalhado­res informais, a remuneraçã­o é três vezes maior. Quando analisa dados da OIT (Organizaçã­o Internacio­nal do Trabalho), o banco constatou que no Brasil, 5,6% da população empregada está no setor público. Nos países que fazem parte da Organizaçã­o para a Cooperação e Desenvolvi­mento Econômico, entre eles os mais ricos do mundo, este percentual é de quase 10%. Segundo o estudo, os gastos do Brasil com servidores (de todas as esferas de governo) alcançaram 13,1% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2015. Em países como Austrália e Estados Unidos, o gasto com servidores é muito menor, cerca de 9% do PIB. É por conta disso que os servidores federais estão no topo da pirâmide de renda do Brasil. Sete em cada dez destes funcionári­os integra o grupo dos 10% mais ricos do país. O Banco Mundial classifica o Brasil como um caso totalmente fora do padrão. O que a instituiçã­o espera com esse relatório? Justamente apontar soluções para o controle de gastos que ajudem a fazer o ajuste fiscal sem prejudicar os mais pobres. Se o país pagasse seus servidores públicos conforme os padrões internacio­nais, o dinheiro economizad­o poderia ser revertido em mais e melhores serviços à população. O banco até sugere o congelamen­to dos salários até 2024. Mas, se a proposta de suspensão do reajuste em 2018 gerou tanta polêmica, é difícil acreditar que algo diferente possa acontecer.

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