Folha de Londrina

Contra o Lanús, Renato busca feito inédito

Grêmio inicia final e seu treinador pode se tornar primeiro brasileiro a vencer Libertador­es como jogador e técnico

- Almir Leite Agência Estado São Paulo

- A ambição do momento de Renato Gaúcho é tornar-se o primeiro brasileiro campeão da Copa Libertador­es como jogador e treinador. Nesta quarta-feira (22), poderá dar o penúltimo passo para concretizá-la. O Grêmio recebe o Lanús, às 21h45, na Arena do Grêmio, em Porto Alegre, na primeira partida da final do torneio continenta­l deste ano e Renato espera dar um passo positivo, representa­do por vitória contundent­e, que possa dar maior tranquilid­ade para o confronto da semana que vem na Argentina. Ele sabe a importânci­a de começar bem uma decisão.

Essa foi uma das coisas que Renato Gaúcho aprendeu ao longo da carreira iniciada em 2000, após bem-sucedida trajetória dentro de campo. Treinador das “antigas”, ele não abandona o jeito boleiro. É da- queles que defendem que futebol se aprende na prática e mostra até um certo desprezo por colegas que batem no peito ao dizer que foram à Europa aprender os métodos deste ou daquele treinador.

“Futebol é como andar de bicicleta. Quem sabe, sabe. Quem conhece não desaprende. Quem precisa aprender, estuda, vai para a Europa. Quem não precisa, vai para a praia. Eu posso ir para a praia”, disse certa vez o fã de futevôlei.

Este gaúcho de Guaporé, de 55 anos, sempre foi assim. Fala o que pensa. Com o tempo, aprendeu a pensar no que fala. Mas jamais abriu mão de ser um provocador - uma de suas últimas foi dizer que o Corinthian­s iria despencar no Campeonato Brasileiro, o que lhe rendeu muita gozação. No entanto, sabe falar sério e ser um líder positivo.

Renato Gaúcho defende com vigor os seus atletas. Desta maneira, “ganha o grupo”. É respeitado e tem jogadores que acreditam piamente no que ele diz. “Sempre falo que sou o psicólogo deles”, afirmou.

Outra caracterís­tica de Renato Gaúcho é a confiança. Ele não tem dúvida de que é um técnico de primeira linha e que um dia chegará à seleção brasileira. Quem o acompanha de perto, no entanto, assegura que ele é um “trabalhado­r”. Assim, dizem, ele montou um time que joga à base de triangulaç­ões, aproximaçã­o e prefere a bola no chão ao chuveirinh­o.

Ele procura conhecer os seus pontos fortes e fracos, estuda estatístic­as, analisa todos os adversário­s. Para isso, conta com um auxiliar que teria usado um drone para espionar o Lanús. “Não sei se ele usou ou não. Ele é pago para trazer informaçõe­s para nós. E todo mundo sabe que sempre teve olheiro no futebol”, disse o treinador, em entrevista coletiva nesta terça-feira.

Gremista de coração, Renato Gaúcho não nega a ansiedade com a decisão. “Não vou dormir esta noite, mas o que importa é que meus jogadores durmam”, admitiu na entrevista que deu logo após participar do “rachão” junto com os atletas nesta terça-feira. “Vamos colocar tudo o que a gente fez no ano em 180 minutos.” Campeão da Libertador­es em 1983 pelo Grêmio, ele já reivindico­u ter uma estátua no clube se vencer também como treinador. “A história ninguém apaga”, filosofou.

Não vou dormir esta noite, mas o que importa é que meus jogadores durmam”

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Itamar Aguiar/Agência Free Lancer/Estadão Conteúdo Time argentino teria sido espionado por drone gremista antes da decisão

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