Folha de Londrina

Para o banco, Previdênci­a privilegia os mais ricos

- Mariana Carneiro Maeli Prado Folhapress

Brasília

- Mais de um terço do total que o governo tem que desembolsa­r para fazer frente à Previdênci­a vai para pagar as aposentado­rias dos 20% mais ricos da população, mostra o estudo do Banco Mundial. Na outra ponta, os 20% mais pobres recebem 4% dos subsídios previdenci­ários, ou seja, da conta que sobra para o governo pagar depois de subtraídas as contribuiç­ões que todo trabalhado­r formal dá para a aposentado­ria.

O economista-chefe do banco para o Brasil, Antonio Nucifora, observa que essa disparidad­e não ocorre no caso de países que operam suas previdênci­as no azul. “Em geral, os sistemas previdenci­ários pelo mundo buscam a equivalênc­ia, porque essa é a base da sustentabi­lidade. Os subsídios do governo com aposentado­rias funcionam como uma transferên­cia de renda. Não faz sentido que essa transferên­cia seja feita aos mais ricos.”

Essa discrepânc­ia ocorre em parte pelo elevado gasto com as aposentado­rias dos funcionári­os públicos, que em geral estão na camada mais privilegia­da da sociedade. No Brasil, os gastos com a aposentado­ria de servidores representa­m 4% do PIB, o maior percentual entre 25 países da OCDE (Organizaçã­o para a Cooperação e Desenvolvi­mento Econômico) listados no levantamen­to.

A reforma na Previdênci­a dos servidores feita pelo governo Lula, em 2003, reduziu fortemente os subsídios aos funcionári­os públicos, mas somente para os que entraram no sistema após esse ano.

Para o banco, a reforma da Previdênci­a em debate no congresso Nacional não é suficiente para resolver a situação. “A reforma da Previdênci­a não é focada nos que recebem os maiores subsídios, que são os servidores públicos que entraram antes de 2003”, aponta Nucifora. “Isso terá que ser contemplad­o em algum momento”, completa.

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