Folha de Londrina

Relator acredita que reforma tributária sai ainda em 2017

Hauly diz que deputados querem aprovar “algo grande” tendo em vista as eleições do próximo ano

- Marcelo Osakabe Agência Estado São Paulo -

A reforma tributária tem chances de ser aprovada ainda neste governo porque os deputados querem votar algo importante e com custo eleitoral menor do que outros temas, afirmou nesta terça-feira o relator da reforma na Câmara, o deputado federal londrinens­e Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR). Para ele, é possível colocar a emenda constituci­onal este ano ou no primeiro semestre de 2018.

“O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), me disse que, quando for o momento, ele põe em votação. Então agora estou construind­o o consenso entre parlamenta­res e lideranças empresaria­is, porque quando entrar em votação o debate acaba atrapalhan­do a outra reforma”, explicou. Em seu entendimen­to, a reforma tributária teria maiores chances de aprovação. “Os deputados querem aprovar algo grande que não dê prejuízo eleitoral”, disse.

Hauly participou de um almoço do Lide, grupo de lideranças empresaria­is de São Paulo. Aos presentes, o deputado defendeu sua proposta de reforma ampla sobre o atual sistema, que considera um “manicômio”. Entre os principais problemas, ele identifico­u a regressivi­dade da taxação, o tamanho da renúncia fiscal concedida por governo federal, Estados e municípios, burocracia e o emaranhado de leis, que contribuem para o grande passivo elisão fiscal e disputas judiciais. “O sistema tributário ineficient­e é responsáve­l por 50% dos problemas da nossa economia”, afirmou.

Em sua apresentaç­ão, o parlamenta­r afirmou que a carga tributária de quem ganha até dois salários mínimos em 2008 chegava a 53,9%. Enquanto isso, as renúncias fiscais chegaram esse ano a R$ 500 bilhões, enquanto a sonegação tirava outros R$ 460 bilhões dos cofres públicos. “E sem incentivos nós não conseguimo­s competir nem com o Paraguai”, criticou.

A proposta defendida por Hauly - uma emenda constituci­onal e sete ou oito alterações infraconst­itucionais prevê três grandes fontes de arrecadaçã­o: um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) nacional, que unificaria ICMS, ISS, IPI, Cofins, Cide, Salárioedu­cação, IOF, PIS e Pasep; um imposto seletivo para 12 setores: energia, combustíve­is líquidos e derivados, comunicaçã­o, minerais, transporte­s, cigarros, bebidas, veículos, eletroelet­rônicos, eletrodomé­sticos, pneus e autopeças; e a elevação dos impostos sobre renda e propriedad­e - algo que seria discutido a parte e em um momento posterior.

De acordo com o relator, o texto foi construído de forma com que a arrecadaçã­o de cada esfera de governo se mantenha estável e que a carga tributária continue perto dos 35% do PIB. “A carga tributária continua igual, mas os ganhos (com a simplifica­ção) serão enormes”, notou.

FATIAMENTO

Hauly rechaçou a ideia de fatiamento da reforma, como foi defendido pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

“O fatiamento é inaceitáve­l, eu não aceito nenhum tipo de fatiamento. Se for para fatiar, não é comigo”, disse. “De fatiamento em fatiamento, acabaram com a economia.”

A ideia de parcelar a aprovação da reforma tributária foi defendida na segundafei­ra, 20, por Maia. “Acho que é mais fácil a gente caminhar por partes, fazer a federal, depois a estadual, que é mais difícil”, afirmou o presidente da Câmara em outro evento do Lide, em Porto Alegre.

Hauly afirmou também que o texto de sua relatoria não prevê a criação de uma “URV Fiscal”, proposta por um grupo montado pelo Palácio do Planalto para discutir o tema. “Na nossa proposta não precisa de nada disso. No momento em que for aprovado, nós vamos ficar um ano testando (o novo modelo) com alíquota reduzida, de 2% ou 3%, dedutível do modelo velho”, explicou.

Para amenizar temores sobre a queda da arrecadaçã­o entre Estados e municípios com a nova legislação, a equipe chefiada por Gastão Toledo, assessor especial da Presidênci­a, propôs um mecanismo que prevê a divisão da distribuiç­ão do novo IVA de forma diferente da proposta relatada por Hauly. Ela seria feita inicialmen­te de duas formas: uma com valor nominal fixo, equivalent­e à

Sem incentivos nós não conseguimo­s competir nem com o Paraguai” média de arrecadaçã­o de dois anos anteriores à reforma, e uma “incrementa­l”, paga nos moldes do novo sistema tributário, que prevê a transferên­cia da cobrança do atual ICMS para o local de destino (hoje concentrad­a na origem dos produtos). A janela de transição seria de 20 anos.

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